JB Online - Contrabaixo na linha de frente
... talo - ficam por conta da bela valsa-jazz Sofisticada, do violonista Luiz Bonfá,
e da faixa título Grooves in the temple, onde dialogam ... Pescara está na área ...
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"Grooves in the Temple" - Review by Tárik de Souza published on the daily newspaper "Jornal do Brasil" - February 4, 2005
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Resenha sobre "Grooves in the Temple" publicada por Tárik de Souza no Jornal do Brasil em 4 de Fevereiro de 2005
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Contrabaixo na linha de frente : Jorge Pescara lança um rico disco solo, com participações especiais
Legenda da foto:
Jorge Pescara, o tecladista João Paulo Mendonça e o baterista Dom Um Romão: triângulo criativo
Nem sempre o contrabaixo (elétrico ou acústico) confinou-se ao fundo do palco, na função de alicerce da cozinha rítmica. Do notório beatle Paul McCartney aos jazzistas Ray Brown, Charles Mingus, Marcus Miller, Stanley Clarke e Jaco Pastorius e o bluesman Willie Dixon, alguns baixistas lideraram grupos e comandaram tendências. No Brasil, entre vários, o instrumento projetou dos bossanovistas Tião Netto e Bebeto (do Tamba Trio) a Arthur Maia e o recém-falecido Luizão. De Nico e Zeca Assumpção a Dadi (A Cor do Som), biografado por Caetano Veloso em Leãozinho. Um baixista ainda pouco conhecido pede passagem num disco de peso. Paulista de Santo André, nascido em 1966, Jorge Pescara, que tocou com Laura Finochiaro, formou banda própria (Linha Amarela), integra o grupo de rock Zero, de Guilherme Isnard, atuou ainda com Dom Um Romão e Ithamara Koorax, lança seu solo Grooves in the temple (JSR), produção de Arnaldo DeSouteiro.
Dirigido ao mercado externo com capa do americano Pete Turner, criador da estética do selo CTI, de Creed Taylor, o CD, que sai dia 26 lá e aqui, evita o virtuosismo vazio no instrumento. ''Quis fazer um bonito disco que por acaso é de um músico e compositor especializado como baixista'', separa Pescara, fã de colegas de pegada firme como Tony Levin e Anthony Jackson. A sonoridade é setentista sem tecladismos digitais.
- Foram priorizados teclados analógicos, sintetizadores vintage como o MiniMoog, além do órgão Hammond, piano elétrico Fender Rhodes, Hohner Clavinet (espécie de cravo elétrico lançado por Herbie Hancock no disco Headhunters) e o dinossáurico Mellotron, primeiro sintetizador a produzir cordas, antes mesmo do Arp Strings - decupa o produtor. Para que a parte sonora também entrasse na sintonia ''retrô não plastificada'' do disco foi convocado o veterano João Moreira, engenheiro de som de discos como Tábua de esmeraldas (Jorge Ben), Jóia (Caetano), João (João Gilberto) e Refazenda (Gil). Pescara, por sua vez, utilizou sete tipos de contrabaixos. Fretless de 6 e 8 cordas, baixo elétrico de 4 e 6 cordas, piccolo-bass, upright bass, vertical e stick bass, neste vigoroso giro fusion (jazz/rock/funk) de 11 faixas, entre composições alheias e próprias. Há ainda duas faixas bônus nas vozes de estrelas do rock 80, como o supracitado Isnard, na versão vocal de Kashmir, do Led Zeppelin (do disco Physical graffiti, de 1975) e Sergio Vid (do grupo Sangue Azul), liberando o vozeirão em Power of soul (gravado como Power to love, em Band of Gypsys, de 1970) de Jimi Hendrix.
Ambas tem versões instrumentais de grande impacto como Kashmir com as participações dos Barões (Vermelhos) Maurício Barros (órgão) e Guto Goffi (bateria), efeitos especiais do DJ Dudu Dub e viagens convergentes de saxes tenor e soprano de José Carlos Bigorna, desembocando numa referência ao clássico do jazz Caravan, popularizado por Duke Ellington. No tema de Hendrix pontifica o guitarrista Dudu Caribe, que recorre ao pedal de distorção wah-fuz enquanto Ithamara cita o solo original de Hendrix no vocalise. Pescara homenageia ainda outros ídolos no instrumento em Miles-Miller (João Paulo Mendonça), ode ao baixista Marcus Miller revelado por Miles Davis, com direito a solo de guitarra em uníssono com o vocal de Claudio Zoli. Em The great emperor of the bass e Meteor, Pescara incensa o Jimi Hendrix do instrumento, Jaco Pastorious, em duos com a percussão e improviso vocal de Dom Um.
O clima muda por completo em Funchal, de outro baixista, Arthur Maia. Pescara sola no piccolo-fretless (sem trastes) enquanto Claudio Infante vai de tabla e pandeirola árabe. Outros destaques deste disco - rico de timbres inesperados e desempenhos no talo - ficam por conta da bela valsa-jazz Sofisticada, do violonista Luiz Bonfá, e da faixa título Grooves in the temple, onde dialogam o trombone exímio de Roberto Marques, a cítara de André Gomes e o taiko (instrumento de percussão japonês) de Akira Akurai, que opera como surdo de marcação. Pescara está na área.
Wednesday, July 25, 2007
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