Tuesday, July 22, 2008

Montreux 2008

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Story published today, July 22, by jazz historian Wilson Garzon on Brazil's top jazz website, "Clube de Jazz"

"Notas sobre Montreux 2008"
Nessa matéria, são abordados dois destaques jazzísticos do Festival de Montreux: Quincy Jones e Chick Corea. No mesmo evento foram lançados pela Verve coletâneas dos dois jazzmen, ambas sob a competente supervisão do produtor Arnaldo DeSouteiro.
22/07/2008 - Wilson Garzon


A quadragésima segunda edição do Montreux Jazz Festival repetiu, mais uma vez, uma eclética escalação de artistas que extrapolou a fronteira estilística do jazz. Tanto que o show de encerramento ficou a cargo de uma das maiores bandas da história do rock, "Deep Purple". E a programação da sala principal, Auditorium Stravinsky, abrigou expoentes de diversos gêneros: de Paul Simon a Joan Baez, passando por Sheryl Crow, Erykah Badu, Lenny Krawitz, David Sanborn e a banda Tower of Power. Além das tradicionais noites de blues (com Gary Moore, Otis Clay, Buddy Guy e John Mayall) e MPB, com Gilberto Gil, Mart’nália e Elba Ramalho atraindo, no dia 12, para a paradisíaca cidade suiça, uma multidão de brasileiros residentes na Europa.

Na mostra paralela, realizada na Miles Davis Hall, o Brasil ganhou duas noites exclusivas. Dia 11, atraindo a curiosidade da imprensa estrangeira, o espetáculo batizado “Paraíba meu amor – The Forró Night” juntou o virtuosismo do bandolinista Hamilton de Holanda a Chico César, Pinto do Acordeon, Flávio José, Aleijadinho do Pombal e Trio Tamanduá. Dia 13 foi a vez de João Bosco esquentar o público para o show de Milton Nascimento com o Trio Jobim, também transformado em festa saudosista. Todas as músicas foram cantadas em coro pela platéia, não raro abafando a voz de Milton.

O grande concerto de gala aconteceu dia 14. Celebrando os 75 anos de Quincy Jones, um elenco de peso subiu ao palco para reverenciar o maestro e produtor: Toots Thielemans, Al Jarreau, Herbie Hancock, Chaka Khan, Patti Austin, Joe Sample, Mick Hucknall (do Simply Red), Nana Mouskouri e até a sumida Petula Clark. Muito emocionado, Quincy comandou a festa liderando seu grupo (que incluía o percussionista carioca Paulinho da Costa) e regendo a Swiss Army Big Band. Os ingressos da noite mais cara do Festival variavam entre 300 e 380 francos suíços. No final, o fundador e ainda hoje diretor do Festival, Claude Nobs, subiu ao palco para entregar um cheque de 50 mil dólares doado a “Quincy Jones Listen Up Foundation”, que atende vítimas de genocídios em países do terceiro mundo.

A gravadora Universal também homenageou o produtor com o lançamento do cd “Summer in the city: the soul jazz grooves of Quincy Jones”, que rapidamente esgotou na lojinha de discos do Festival. Produzida por Arnaldo DeSouteiro, a coletânea é focada na fase mais jazzística de Quincy, que indicou o nome do produtor brasileiro para organizar a antologia. "Selecionei as quatorze gravações mais representativas da carreira dele entre 1969 e 1981, antes do estouro mundial de “Thriller”, que transformou Quincy também no produtor mais bem sucedido na história da música pop", explicou DeSouteiro em coletiva à imprensa no Montreux Palace.

Entre as faixas do disco, que rodava sem parar no sistema de som do Festival, sucessos como “Killer Joe”, “Cast your fate to the wind”, “Everything must change”, as trilhas dos filmes “Eyes of love” e “I never told you”, as canções “You’ve got it bad girl” e “Superwoman” de Stevie Wonder, e um grande sucesso da época da disco-music, “Stuff like that”. Vários artistas atuantes no disco estavam em Montreux para o concerto – Toots Thielemans, Herbie Hancock, Chaka Khan, Patti Austin, Greg Phillinganes – e acabaram participando da sessão de autógrafos.

A atração principal da noite de sexta-feira, a penúltima do Festival, foi o compositor e tecladista Chick Corea, que reorganizou seu célebre grupo Return to Forever. Após o show, a gravadora Verve promoveu, no Montreux Palace, a festa de lançamento do cd “Electric Chick”, também produzido por Arnaldo DeSouteiro. "Como diz o título, deixei de lado as gravações acústicas, optando por focar nos anos setenta, quando ele se dedicava prioritariamente ao piano elétrico e aos sintetizadores analógicos, exatamente como aconteceu no show em Montreux", explica o produtor. Os fãs poderão se deliciar com músicas extraídas de discos como “The Leprechaun”, que recebeu dois prêmios Grammy em 1976 nas categorias de "best jazz performance" e "best instrumental arrangement", destacando as presenças de Anthony Jackson e Bill Watrous.

Vencedor do Grammy de "best jazz instrumental performance" em 1978, o álbum "Friends" está representado na antologia pela faixa-título e mais duas músicas: "The One Step" e "Sicily", com Chick Corea liderando um quarteto completado por Eddie Gomez, Steve Gadd e Joe Farrell. O baterista brasileiro Airto Moreira participa de "Fickle Funk" e o cantor Al Jarreau solta a voz em "Hot New Blues". Também merece atenção o duelo entre os teclados de Chick e Herbie Hancock em "The Mad Hatter Rhapsody", que encerra o cd.

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