Tony Bennett em show único no Rio
“O melhor cantor do mundo apresenta-se hoje no Claro Hall”
Arnaldo DeSouteiro
“O melhor cantor do mundo apresenta-se hoje no Claro Hall”
Arnaldo DeSouteiro
Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 20 de Outubro de 2005 e originalmente publicado no jornal "Tribuna da Imprensa"
Anthony Dominick Benedetto, Tony Bennett para os milhões de fãs mundo afora, continua em grande forma aos 79 anos. Permanece excursionando incessantemente, tem recebido críticas maravilhosas por seu novo CD (o sublime “The art of romance”, recém-editado no Brasil), e seus discos antigos não param de ser relançados. Ao contrário do que ocorreu com os cantores de sua geração, ampliou tremendamente sua popularidade a partir de meados dos anos 80, e principalmente após sua “descoberta” pelo público jovem da chamada “geração MTV”. É um fenômeno, em todos os níveis e sentidos – de voz, carisma, coerência estética e, claro, longevidade artística. Quem quiser constatar todas as virtudes do melhor cantor do mundo em atividade, e certamente o maior de todos os tempos, ao lado de Frank Sinatra, tem uma chance única hoje, no Claro Hall, às 22:30.
Nascido a 3 de agosto de 1926, em Astoria, NY, filho de humildes imigrantes italianos, começou a carreira vocal bem cedo, fazendo seu début profissional, no clube Democrat, de sua cidade natal, quando tinha apenas treze anos. Foi descoberto por Pearl Bailey quando, aos 17 anos, trabalhava como “garçom-cantor”. Durante a Segunda Guerra, serviu na infantaria dos EUA, apresentando-se próximo aos campos de batalha, acompanhado por bandas militares. Estudou com o cantor de ópera Pietro D’Andrea, com esta formação erudita ajudando a explicar a técnica apuradíssima e a fantástica potência de sua voz aveludada, capaz de ir do mais suave pianíssimo à uma explosão eloqüente numa questão de segundos, em sempre surpreendente lições de dinâmica.
Em 1947, sob o pseudônimo de Joe Bari, gravou na etiqueta Leslie seu primeiro disco, com as canções “Fascinatin’ rhythm” e “Vieni qui” – é um dos mais raros do mundo, desconhecendo-se quem possua um exemplar. Dois anos mais tarde, Anthony apresentava-se com seu verdadeiro nome em um night-club do Greenwich Village quando, certa noite, lá apareceu Bob Hope. Ao final do show, Bob foi aos bastidores, convidou-o a participar de seu espetáculo no Paramount Theater e sentenciou que, daquela data em diante, o nome artístico do mancebo seria Tony Bennett. Na noite seguinte, TB conquistou a platéia do Paramount e logo depois iniciou uma turnê por seis Estados americanos. A gravadora Columbia tomou conhecimento do novo cantor e contratou-o imediatamente em 1950.
Veio o primeiro disco na CBS, “Boulevard of broken dreams”, que estourou nas paradas de sucesso. Sucederam-se as gravações e o êxito sempre crescente com os hits “Because of you”, “Rags to Richies”, “Cold cold heart”, “Tender is the night” e “Congratulations to someone”. Outro tema, “Stranger in paradise”, deu a Tony Bennett o primeiro lugar em dezessete concursos de popularidade em um só ano – provavelmente porque, conforme o raciocínio torto das mentes doentias de recalcados difamadores compulsivos, viciados em charuto, whisky, inveja e calúnia, o cantor e toda a sua família “compraram” os votos adquirindo milhares de revistas para votar no pobre rapaz.
Trajetória brilhante
Mas o ápice do sucesso ainda estava por vir, em 1962, com o estouro mundial de “I left my heart in San Francisco”, inevitavelmente apresentado até hoje em todos os seus shows. Tony foi, inclusive, homenageado pela cidade de San Francisco, que lhe dedicou o dia 20 de maio pela projeção alcançada através da gravação do cantor. Dali em diante, “o resto é história”. Tony realizou concertos com as big-bands de Count Basie, Duke Ellington, Woody Herman e Harry James, atuou com a Filarmônica de Londres e sempre recrutou os melhores músicos do mundo como sidemen – de Bobby Hackett a George Benson, passando por Tommy Flanagan, Al Cohn, Zoot Sims, Urbie Green, Al Grey, Gene Bertoncini, Dexter Gordon e Dizzy Gillespie, além de ter feito dois magníficos álbuns em duo com Bill Evans (um terceiro, gravado ao vivo no Festival de Jazz de Newport em 75, permanece inédito).
Soube escolher diretores musicais de altíssima categoria: John Bunch, Torrie Zito, Ralph Sharon e agora Lee Musiker, todos também mestres do piano. Nas gravações em estúdio, cercou-se igualmente dos melhores arranjadores, como Johnny Mandel, Marty Manning, Neal Hefti, Ralph Burns, Quincy Jones, Robert Farnon e Jorge Calandrelli. Admirador da música brasileira e apaixonado por bossa-nova, gravou composições de Tom Jobim (“Wave”, “Corcovado”, “Samba do avião”, “Insensatez”), Milton Nascimento (“Travessia”) e Francis Hime (“Minha”). Não por acaso, fui apresentado à magia vocal de Tony por um amigo comum, o saudoso Luiz Bonfá, que participou como convidado especial do antológico “The movie song album” em 1967, no qual Tony incluiu dois standards de Bonfá para trilhas de filmes: “Samba de Orfeu” (do célebre “Orfeu negro”, cantando em português a letra de Antonio Maria) e o tema-título de “The gentle rain”, com Dom Um Romão na bateria. Antes, em 65, Carlos Lyra (violão) e Hélcio Milito (bateria) haviam participado de outro discaço, “Songs for the jet set”.
Tive a oportunidade de conhecer Bennett pessoalmente em 1980, através de Bonfá e de Richard Templar, seu mais ardoroso fã brasileiro, que organizou homenagens ao cantor nos finados Le Relais e Chico’s Bar por ocasião dos shows de TB no Rio de Janeiro em maio de 1980. À pedido de Richard – principal responsável pela campanha de marketing que fez daquela turnê brasileira (organizada por Marcos Lázaro) um tremendo sucesso, compensando o fracasso do show no Copacabana Palace em 1961 – participei até mesmo de uma bateria de escola de samba arregimentada no Leme, como comitê de recepção para o desembarque de Tony no Galeão. À noite, tomávamos um whisky no hotel quando o Jornal Nacional mostrou a hilária cena. Desnecessário dizer que os três shows em um salão do Rio Palace (hoje Sofitel) foram deslumbrantes, com participação de uma orquestra de 40 figuras e intervenções inesquecíveis do batera Joe LaBarbera e do saxofonista Harold Land,
Sempre num pique incrível, Tony deu canjas nas casas da moda, como 706 e Club 21, onde improvisou uma extraordinária versão jazzística de “Girl talk” ao lado de Osmar Milito, Nivaldo Ornelas e outros feras. Voltamos a nos encontrar no seu retorno ao Brasil em 1986, quando, na condição de consultor e coordenador musical dos especiais dirigidos por Gregório Rubin, na TV Manchete, eu e Milena Ciribelli entrevistamos TB horas antes da estréia no Teatro do Hotel Nacional. Novamente assessorado por Richard Templar e com uma orquestra sinfônica regida pelo pianista Ralph Sharon, deixou a platéia em êxtase. Em 1980, ele havia me garantido que seu disco favorito era “The movie song álbum”; em 86, elegeu o primeiro em dupla com Bill Evans, gravado para a Fantasy em 75. Já nos anos 90, durante um jantar em NY, mudou o voto para “The art of excellence”, exatamente a obra-prima que serviu de base para a vitoriosa turnê de 86.
Integridade e coerência
Todos esses álbuns estão em catálogo e são imperdíveis. Recentemente também foram relançados “Songs for the jet set” (65), “At Carnegie Hall” (pela primeira vez com o concerto de 1962 na íntegra, com dezoito faixas inéditas) e o essencialmente jazzístico “Cloud 7”, de 54, com Chuck Wayne e Al Cohn. Dentre os mais recentes, “Bennett sings Ellington” (99), “Tony Bennett on Holiday” (97) e o divisor de águas “Steppin’ out” (94), além do novo “The art of romance”, são igualmente notáveis. Quem preferir ouvir um pouco de cada fase tem a caixa “Fifty years: the artistry of Tony Bennett”, como a opção mais indicada – outra caixa recente, “The Improv years”, retratando a fase de seu selo independente nos anos 70, hoje pertencente à Concord, nem pode ser comparada à esta monumental realização da Sony. Afinal, foi na antiga CBS-Columbia que Tony construiu sua fama entre 1950 e 1975, e depois a reprocessou ao retornar à companhia em 1986.
“Fifty years: the artistry of Tony Bennett”, continha quatro CDs quando compilada originalmente por Didier Deutsch em 1997 sob o título “Forty years”. Agora, em edição revista e atualizada, ganhou um quinto CD, adicionando as gravações mais recentes, num total de 110 faixas. No livreto de 72 páginas, dezenas de fotos raras, textos assinados por Ralph Sharon, Leonard Feather, Will Friedwald, Jonathan Schwartz e Anthony DeCurtis, a discografia de Tony na CBS (reproduzindo as capas dos LPs origianis), e comentários do próprio cantor sobre todas as faixas. Sem falar dos depoimentos dos ícones Bing Crosby, Duke Ellington, Buddy Rich, Dizzy Gillespie, Gil Evans e Frank Sinatra, que não se cansava de proclamar Bennett “o melhor cantor do mundo”. Opinião compartilhada por Fred Astaire, Judy Garland, Louis Armstrong e Marlon Brando, entre dezenas de outros ilustres fãs.
Também existem excelentes DVDs: o best-seller “MTV Unplugged”, o comovente documentário “Tony Bennet’s New York”, o festivo “Live by request: an all-star tribute”, o encontro com Placido Domingo e Vanessa Williams em “Our favorite things”, e “TB’s wonderful world: live in San Francisco”, que deverá servir de base para o show de hoje à noite. Imperdível concerto porque nada se compara a ouvir, ao vivo, jóias como “When Joanna loved me”, “Fly me to the moon”, “Smile”, “How do you keep the music playing”, “Nuages” e, claro, “I left my heart in San Francisco”. Afinal, glosando o historiador Nat Hentoff, não é todo dia que aparece no Rio um artista desse porte, que já ultrapassou seis décadas de carreira mantendo incomparável integridade. Ou, como disse Louis Armstrong da forma mais direta possível: “se você é insensível a Tony Bennett, procure um psiquiatra”!
Lgendas:
“Tony Bennett: auto-retrato do maior intérprete do Great American Songbook”
“TB: brilhante carreira com mais de 100 discos lançados e 12 prêmios Grammy”
Anthony Dominick Benedetto, Tony Bennett para os milhões de fãs mundo afora, continua em grande forma aos 79 anos. Permanece excursionando incessantemente, tem recebido críticas maravilhosas por seu novo CD (o sublime “The art of romance”, recém-editado no Brasil), e seus discos antigos não param de ser relançados. Ao contrário do que ocorreu com os cantores de sua geração, ampliou tremendamente sua popularidade a partir de meados dos anos 80, e principalmente após sua “descoberta” pelo público jovem da chamada “geração MTV”. É um fenômeno, em todos os níveis e sentidos – de voz, carisma, coerência estética e, claro, longevidade artística. Quem quiser constatar todas as virtudes do melhor cantor do mundo em atividade, e certamente o maior de todos os tempos, ao lado de Frank Sinatra, tem uma chance única hoje, no Claro Hall, às 22:30.
Nascido a 3 de agosto de 1926, em Astoria, NY, filho de humildes imigrantes italianos, começou a carreira vocal bem cedo, fazendo seu début profissional, no clube Democrat, de sua cidade natal, quando tinha apenas treze anos. Foi descoberto por Pearl Bailey quando, aos 17 anos, trabalhava como “garçom-cantor”. Durante a Segunda Guerra, serviu na infantaria dos EUA, apresentando-se próximo aos campos de batalha, acompanhado por bandas militares. Estudou com o cantor de ópera Pietro D’Andrea, com esta formação erudita ajudando a explicar a técnica apuradíssima e a fantástica potência de sua voz aveludada, capaz de ir do mais suave pianíssimo à uma explosão eloqüente numa questão de segundos, em sempre surpreendente lições de dinâmica.
Em 1947, sob o pseudônimo de Joe Bari, gravou na etiqueta Leslie seu primeiro disco, com as canções “Fascinatin’ rhythm” e “Vieni qui” – é um dos mais raros do mundo, desconhecendo-se quem possua um exemplar. Dois anos mais tarde, Anthony apresentava-se com seu verdadeiro nome em um night-club do Greenwich Village quando, certa noite, lá apareceu Bob Hope. Ao final do show, Bob foi aos bastidores, convidou-o a participar de seu espetáculo no Paramount Theater e sentenciou que, daquela data em diante, o nome artístico do mancebo seria Tony Bennett. Na noite seguinte, TB conquistou a platéia do Paramount e logo depois iniciou uma turnê por seis Estados americanos. A gravadora Columbia tomou conhecimento do novo cantor e contratou-o imediatamente em 1950.
Veio o primeiro disco na CBS, “Boulevard of broken dreams”, que estourou nas paradas de sucesso. Sucederam-se as gravações e o êxito sempre crescente com os hits “Because of you”, “Rags to Richies”, “Cold cold heart”, “Tender is the night” e “Congratulations to someone”. Outro tema, “Stranger in paradise”, deu a Tony Bennett o primeiro lugar em dezessete concursos de popularidade em um só ano – provavelmente porque, conforme o raciocínio torto das mentes doentias de recalcados difamadores compulsivos, viciados em charuto, whisky, inveja e calúnia, o cantor e toda a sua família “compraram” os votos adquirindo milhares de revistas para votar no pobre rapaz.
Trajetória brilhante
Mas o ápice do sucesso ainda estava por vir, em 1962, com o estouro mundial de “I left my heart in San Francisco”, inevitavelmente apresentado até hoje em todos os seus shows. Tony foi, inclusive, homenageado pela cidade de San Francisco, que lhe dedicou o dia 20 de maio pela projeção alcançada através da gravação do cantor. Dali em diante, “o resto é história”. Tony realizou concertos com as big-bands de Count Basie, Duke Ellington, Woody Herman e Harry James, atuou com a Filarmônica de Londres e sempre recrutou os melhores músicos do mundo como sidemen – de Bobby Hackett a George Benson, passando por Tommy Flanagan, Al Cohn, Zoot Sims, Urbie Green, Al Grey, Gene Bertoncini, Dexter Gordon e Dizzy Gillespie, além de ter feito dois magníficos álbuns em duo com Bill Evans (um terceiro, gravado ao vivo no Festival de Jazz de Newport em 75, permanece inédito).
Soube escolher diretores musicais de altíssima categoria: John Bunch, Torrie Zito, Ralph Sharon e agora Lee Musiker, todos também mestres do piano. Nas gravações em estúdio, cercou-se igualmente dos melhores arranjadores, como Johnny Mandel, Marty Manning, Neal Hefti, Ralph Burns, Quincy Jones, Robert Farnon e Jorge Calandrelli. Admirador da música brasileira e apaixonado por bossa-nova, gravou composições de Tom Jobim (“Wave”, “Corcovado”, “Samba do avião”, “Insensatez”), Milton Nascimento (“Travessia”) e Francis Hime (“Minha”). Não por acaso, fui apresentado à magia vocal de Tony por um amigo comum, o saudoso Luiz Bonfá, que participou como convidado especial do antológico “The movie song album” em 1967, no qual Tony incluiu dois standards de Bonfá para trilhas de filmes: “Samba de Orfeu” (do célebre “Orfeu negro”, cantando em português a letra de Antonio Maria) e o tema-título de “The gentle rain”, com Dom Um Romão na bateria. Antes, em 65, Carlos Lyra (violão) e Hélcio Milito (bateria) haviam participado de outro discaço, “Songs for the jet set”.
Tive a oportunidade de conhecer Bennett pessoalmente em 1980, através de Bonfá e de Richard Templar, seu mais ardoroso fã brasileiro, que organizou homenagens ao cantor nos finados Le Relais e Chico’s Bar por ocasião dos shows de TB no Rio de Janeiro em maio de 1980. À pedido de Richard – principal responsável pela campanha de marketing que fez daquela turnê brasileira (organizada por Marcos Lázaro) um tremendo sucesso, compensando o fracasso do show no Copacabana Palace em 1961 – participei até mesmo de uma bateria de escola de samba arregimentada no Leme, como comitê de recepção para o desembarque de Tony no Galeão. À noite, tomávamos um whisky no hotel quando o Jornal Nacional mostrou a hilária cena. Desnecessário dizer que os três shows em um salão do Rio Palace (hoje Sofitel) foram deslumbrantes, com participação de uma orquestra de 40 figuras e intervenções inesquecíveis do batera Joe LaBarbera e do saxofonista Harold Land,
Sempre num pique incrível, Tony deu canjas nas casas da moda, como 706 e Club 21, onde improvisou uma extraordinária versão jazzística de “Girl talk” ao lado de Osmar Milito, Nivaldo Ornelas e outros feras. Voltamos a nos encontrar no seu retorno ao Brasil em 1986, quando, na condição de consultor e coordenador musical dos especiais dirigidos por Gregório Rubin, na TV Manchete, eu e Milena Ciribelli entrevistamos TB horas antes da estréia no Teatro do Hotel Nacional. Novamente assessorado por Richard Templar e com uma orquestra sinfônica regida pelo pianista Ralph Sharon, deixou a platéia em êxtase. Em 1980, ele havia me garantido que seu disco favorito era “The movie song álbum”; em 86, elegeu o primeiro em dupla com Bill Evans, gravado para a Fantasy em 75. Já nos anos 90, durante um jantar em NY, mudou o voto para “The art of excellence”, exatamente a obra-prima que serviu de base para a vitoriosa turnê de 86.
Integridade e coerência
Todos esses álbuns estão em catálogo e são imperdíveis. Recentemente também foram relançados “Songs for the jet set” (65), “At Carnegie Hall” (pela primeira vez com o concerto de 1962 na íntegra, com dezoito faixas inéditas) e o essencialmente jazzístico “Cloud 7”, de 54, com Chuck Wayne e Al Cohn. Dentre os mais recentes, “Bennett sings Ellington” (99), “Tony Bennett on Holiday” (97) e o divisor de águas “Steppin’ out” (94), além do novo “The art of romance”, são igualmente notáveis. Quem preferir ouvir um pouco de cada fase tem a caixa “Fifty years: the artistry of Tony Bennett”, como a opção mais indicada – outra caixa recente, “The Improv years”, retratando a fase de seu selo independente nos anos 70, hoje pertencente à Concord, nem pode ser comparada à esta monumental realização da Sony. Afinal, foi na antiga CBS-Columbia que Tony construiu sua fama entre 1950 e 1975, e depois a reprocessou ao retornar à companhia em 1986.
“Fifty years: the artistry of Tony Bennett”, continha quatro CDs quando compilada originalmente por Didier Deutsch em 1997 sob o título “Forty years”. Agora, em edição revista e atualizada, ganhou um quinto CD, adicionando as gravações mais recentes, num total de 110 faixas. No livreto de 72 páginas, dezenas de fotos raras, textos assinados por Ralph Sharon, Leonard Feather, Will Friedwald, Jonathan Schwartz e Anthony DeCurtis, a discografia de Tony na CBS (reproduzindo as capas dos LPs origianis), e comentários do próprio cantor sobre todas as faixas. Sem falar dos depoimentos dos ícones Bing Crosby, Duke Ellington, Buddy Rich, Dizzy Gillespie, Gil Evans e Frank Sinatra, que não se cansava de proclamar Bennett “o melhor cantor do mundo”. Opinião compartilhada por Fred Astaire, Judy Garland, Louis Armstrong e Marlon Brando, entre dezenas de outros ilustres fãs.
Também existem excelentes DVDs: o best-seller “MTV Unplugged”, o comovente documentário “Tony Bennet’s New York”, o festivo “Live by request: an all-star tribute”, o encontro com Placido Domingo e Vanessa Williams em “Our favorite things”, e “TB’s wonderful world: live in San Francisco”, que deverá servir de base para o show de hoje à noite. Imperdível concerto porque nada se compara a ouvir, ao vivo, jóias como “When Joanna loved me”, “Fly me to the moon”, “Smile”, “How do you keep the music playing”, “Nuages” e, claro, “I left my heart in San Francisco”. Afinal, glosando o historiador Nat Hentoff, não é todo dia que aparece no Rio um artista desse porte, que já ultrapassou seis décadas de carreira mantendo incomparável integridade. Ou, como disse Louis Armstrong da forma mais direta possível: “se você é insensível a Tony Bennett, procure um psiquiatra”!
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“Tony Bennett: auto-retrato do maior intérprete do Great American Songbook”
“TB: brilhante carreira com mais de 100 discos lançados e 12 prêmios Grammy”
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