Nova fornada da série “Jazz Mooods"
Louis Armstrong, Artie Shaw e Tony Bennett estão entre os destaques
Arnaldo DeSouteiro
Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 19 de Maio de 2005 e publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa"
Chega às lojas, pela Sony-BMG, mais uma fornada de 10 CDs da série “Jazz Moods”, focalizando artistas das mais variadas vertentes. Dos seminais registros de Louis Armstrong com os grupos Hot Five e Hot Seven nos anos 20 à ousadia criativa da Dirty Dozen Brass Band nos anos 80, passando por duas das melhores big-bands da era do swing, lideradas por Artie Shaw e Glenn Miller. Há também ótimas coletâneas dedicadas à Dexter Gordon, Chet Baker, Stanley Turrentine, Aretha Franklin e Tony Bennett, todas elas produzidas por Richard Seidel, ex-manda-chuva da Verve e atualmente trabalhando como free-lancer para diversos selos, além de titular da coluna “Things to come” na revista Downbeat. A lamentar, somente, nas fichas técnicas, a ausência de créditos para os músicos.
Faixas históricas
As quatorze faixas do CD devotado à Louis Armstrong (1901-1971) foram pescadas da caixa-quádrupla “The complete Hot Five and Hot Seven recordings”, ganhadora do Grammy. Além de uma sucessão de solos épicos no trompete, que estabeleceram o paradigma para a improvisação jazzística, também mostra como criou os pressupostos do scat-singing. Gravados entre 1926 e 29, os temas incluem pérolas do porte de “Hotter than that”, “Potato head blues”, “Chicago breakdown”, “Squeeze me”, “Jazz lips”, “Don’t forget to mess around” e a deliciosa “Struttin’ with some barbecue”, transformada, quatro décadas depois, no baloiçante “Samba with some barbecue” graças ao impecável arranjo de Don Sebesky (execrado pelos invejosos puristas-hackers-charuteiros que odeiam a humanidade) para Paul Desmond.
Dois band-leaders cujos discos nunca saem de moda, Artie Shaw (1910-2004) e Glenn Miller (1904-1944) também foram esculhambados e taxados de “comerciais” na época áurea do swing, nos anos 40. As faixas de Shaw – soberbo clarinetista de técnica tão perfeita quanto à de Benny Goodman, que abandonou a carreira em 1954 por ter contraído ojeriza ao showbizz – foram captadas para o selo RCA Bluebird entre 1938 (ano do estouro de “Begin the beguine”, seis semanas no n°1 do hit-parade americano) e 1945, valendo destacar também “Temptation”, “What is this thing called love?”, “There’ll be some changes made”, “’S wonderful” e “Everything is jumpin’”.
Trombonista mediano e regente carismático, Glenn Miller alcançou ainda maior popularidade, emplacando 22 discos 78rpm no topo da parada pop (sim, o jazz já foi pop e um estilo “dançante”, para desespero dos pseudo-intelectuais megalômanos que tentam vender a falsa idéia de uma forma de arte “pura e séria”) no período 1939-1943, antes do avião do Major Miller desaparecer durante vôo sobre o Canal da Mancha em dezembro de 44. Algo tão misterioso quanto o fato de “Moonlight serenade” não fazer parte do cardápio desta coletânea, embora as liner-notes chamem atenção para a presença da famosa balada. Tampouco “Serenade in blue” ou “Sunrise serenade” estão presentes, apesar do CD estar repleto de sucessos tipo “In the mood”, “String of pearls”, “American patrol” e “Chattanooga choo-choo”.
Vozes versáteis
Avançando no tempo, encontramos as versáteis vozes de Tony Bennett, Aretha Franklin e Esther Phillips. O CD de Bennett (nascido em 1926 e ainda hoje cantando uma barbaridade, sem dúvida algum o maior intérprete vivo do Great American Songbook) contém sucessivas aulas de interpretação. Pinçadas da fase 1956-67 de sua vastíssima discografia na Columbia, aparecem pérolas como “Caravan”, “Sweet Lorraine” (com o trompetista Bobby Hackett atacando de ukelele e Joe Marsala no clarinete), “I get a kick out of you” (arranjo de Ralph Sharon destacando o incendiário batera Art Blakey), “Stella by starlight” (orquestração de Ralph Burns para o tema do filme “The uninvited”), “Dancing in the dark”, “That old black magic” e uma incomparável performance de “Out of this world” na humilde companhia de Stan Getz, Herbie Hancock, Ron Carter e Elvin Jones.
Aretha Franklin (1942-) solta o vozeirão que a consagrou – primeiro como “Queen of soul”, com o estouro de “Respect”, em 67, e depois como “Queen of the blues” – como uma das mais notáveis intérpretes americanas. Esta compilação, por tentar se encaixar na temática da série, reúne gravações de sua fase mais jazzy, ainda que volta e meia adocicadas pelas seções de cordas adicionadas pelos maestros Clyde Otis (associado à maior influência de Aretha, Dinah Washington, de quem recria “What a difference a day makes”) e Robert Mersey. A diva passeia ainda por “God bless the child”, “Misty”, “Only the lonely”, “Skylark”, “But beautiful”, “Just for a thrill” e “For all we know”.
Reprocessando a influência de Dinah através da inspiração de Aretha, outra estilista de responsa, Esther Phillips (1935-1984) iniciou a carreira aos 13 anos. As onze gravações aqui compiladas são de sua fase no selo CTI, entre 1971 e 1977, abrigando nada menos que quatro faixas de seu disco de maior sucesso comercial, “What a difference a day makes”, puxado, obviamente, pela faixa-título em tratamento disco-music fornecido pelo eletrizante arranjo do guitarrista Joe Beck, com David Sanborn no sax-alto. Esther brilha em “Home is where the hatred is” (de Gil Scott-Heron, ídolo de Ed Motta, com Airto na pandeirola e Richard Tee ao piano) e nas faixas-títulos dos álbuns “From a whisper to a scream” (arranjo de Don Sebesky) e “Black-eyed blues”, de Joe Cocker. A única derrapada feia ocorre em ultra-equivocado tratamento country & western conferido à “I got it bad and that ain’t good”, que nem o baixo de Ron Carter consegue salvar.
Azes dos sopros
Outro astro do selo CTI em sua fase áurea, o tenorista Stanley Turrentine (1934-2000) brilha em sete performances captadas entre 1970 e 73. Neste paiol de grooves, as faixas que deram nome aos álbuns “Sugar” (solos incendiários de Freddie Hubbard e George Benson), “Salt song” (suntuosa orquestração do mestre Deodato, com Turrentine citando “Jeepers creepers” durante o improviso, com Airto na bateria e Ron Carter aplicando seus típicos glissandos no baixo) e “Don’t mess with Mr. T” (belo arranjo de Bob James para o tema soul de Marvin Gaye, com Idris Muhammad na bateria). Milt Jackson e Billy Cobham quebram tudo em “Speedball” (de Lee Morgan), após Stanley aplicar sua sonoridade aveludada à “Pieces of dreams” (Legrand) e – faixa até então inédita em CD, extraída do LP “The sugar man”, nunca relançado – “Make me rainbows”, tema de John Williams para o filme “Fitzwilly” com o guitarrista Kenny Burrell flutuando sobre as congas de Ray Barretto.
Saxofonista cuja carreira ganhou novo impulso após seu retorno aos EUA em 1976, após longo exílio na Europa, Dexter Gordon (1923-1990) beneficiou-se da forte estratégia de marketing concebida pelos executivos da Columbia. Há irretocáveis leituras de “As time goes by”, “Body and soul”, “Ruby, my dear”, “A nightingale sang in Berkeley square” e uma versão ao vivo de “’Round midnight”, título que mais tarde levaria Dexter ao ápice da fama graças à sua atuação como ator no filme de Bertrand Tavernier em 1986, recebendo até mesmo uma indicação ao Oscar. Ironicamente, a única faixa bobinha é extraída da trilha do filme, com a cantriz Lonette McKee afundando “How long has this been going on?” em insípida performance. Fora de série são os arranjos sofisticadíssimos de Slide Hampton para “Laura” (Bobby Hutcherson no vibrafone) e “You’re blasé” (George Cables ao piano), do LP “Sophisticated giant”.
A compilação de Chet Baker (1929-1988) se limita à fase CTI, nos anos 74 e 75. Há quatro faixas do disco “She was too good to me”: o magnífico tema-título de Rodgers & Hart mais os standards “Autumn leaves” (dividindo o spot com o melífluo sax-alto de Paul Desmond), “Tangerine” e “What’ll I do”, com Steve Gadd e Jack DeJohnette revezando na bateria, ao lado de Ron Carter, Hubert Laws, Bob James e Dave Friedman. Duas gravações ao vivo – “Line for lyons” e “My funny valentine” – pertencem ao concerto no Carnegie Hall, em 24 de novembro de 74, que marcou seu reencontro com Gerry Mulligan, trazendo John Scofield e Harvey Mason entre os sidemen. Por fim, a antológica adaptação de Don Sebesky para o adágio do “Concierto de aranjuez”, de Joaquin Rodrigo, na verdade pertencente ao álbum de Jim Hall já comentado neste espaço no mês passado ao ser relançado em SACD.
Contratada pela CBS de 1987 à 1993, a Dirty Dozen Brass Band (octeto liderado pelo trompetista Gregory Davis) desce o sarrafo em “Moose the mooche”, “Don’t drive drunk”, “It’s all over now” e “Jungle blues”, trazendo Dizzy Gillespie, Dr. John, Elvis Costello e Branford Marsalis entre os convidados. Formada originalmente para tocar em funerais, era completada por Kirk Joseph no sousafone (sim, aquele mesmo usado nas marchas militares de John Phillip Sousa), Roger Lewis no sax-barítono, Kevin Harris no tenor, Charles Joseph no trombone, Efrem Towns no segundo trompete, Jenell Marshall na caixa-clara, e Lionel Batiste nos tambores e pratos. Renovando a tradição do chamado “jazz de New Orleans”, misturava bop, soul, jambalaya e funk (o de James Brown, não o do Tigrão) num caldeirão sonoro em constante ebulição que não perdeu a força nem o bonde. Afinal, como dizia Nelson Rodrigues: “Não há admiração mais deliciosa do que a do inimigo''.
Legendas:
“Glenn Miller, o mais carismático band-leader da era do Swing”
“Esther Phillips, estilista de timbre marcante e inconfundível”
“The Dirty Dozen Brass Band, caldeirão sonoro em permanente ebulição”
“Chet Baker em 1974, dando novo impulso à sua carreira”
Louis Armstrong, Artie Shaw e Tony Bennett estão entre os destaques
Arnaldo DeSouteiro
Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 19 de Maio de 2005 e publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa"
Chega às lojas, pela Sony-BMG, mais uma fornada de 10 CDs da série “Jazz Moods”, focalizando artistas das mais variadas vertentes. Dos seminais registros de Louis Armstrong com os grupos Hot Five e Hot Seven nos anos 20 à ousadia criativa da Dirty Dozen Brass Band nos anos 80, passando por duas das melhores big-bands da era do swing, lideradas por Artie Shaw e Glenn Miller. Há também ótimas coletâneas dedicadas à Dexter Gordon, Chet Baker, Stanley Turrentine, Aretha Franklin e Tony Bennett, todas elas produzidas por Richard Seidel, ex-manda-chuva da Verve e atualmente trabalhando como free-lancer para diversos selos, além de titular da coluna “Things to come” na revista Downbeat. A lamentar, somente, nas fichas técnicas, a ausência de créditos para os músicos.
Faixas históricas
As quatorze faixas do CD devotado à Louis Armstrong (1901-1971) foram pescadas da caixa-quádrupla “The complete Hot Five and Hot Seven recordings”, ganhadora do Grammy. Além de uma sucessão de solos épicos no trompete, que estabeleceram o paradigma para a improvisação jazzística, também mostra como criou os pressupostos do scat-singing. Gravados entre 1926 e 29, os temas incluem pérolas do porte de “Hotter than that”, “Potato head blues”, “Chicago breakdown”, “Squeeze me”, “Jazz lips”, “Don’t forget to mess around” e a deliciosa “Struttin’ with some barbecue”, transformada, quatro décadas depois, no baloiçante “Samba with some barbecue” graças ao impecável arranjo de Don Sebesky (execrado pelos invejosos puristas-hackers-charuteiros que odeiam a humanidade) para Paul Desmond.
Dois band-leaders cujos discos nunca saem de moda, Artie Shaw (1910-2004) e Glenn Miller (1904-1944) também foram esculhambados e taxados de “comerciais” na época áurea do swing, nos anos 40. As faixas de Shaw – soberbo clarinetista de técnica tão perfeita quanto à de Benny Goodman, que abandonou a carreira em 1954 por ter contraído ojeriza ao showbizz – foram captadas para o selo RCA Bluebird entre 1938 (ano do estouro de “Begin the beguine”, seis semanas no n°1 do hit-parade americano) e 1945, valendo destacar também “Temptation”, “What is this thing called love?”, “There’ll be some changes made”, “’S wonderful” e “Everything is jumpin’”.
Trombonista mediano e regente carismático, Glenn Miller alcançou ainda maior popularidade, emplacando 22 discos 78rpm no topo da parada pop (sim, o jazz já foi pop e um estilo “dançante”, para desespero dos pseudo-intelectuais megalômanos que tentam vender a falsa idéia de uma forma de arte “pura e séria”) no período 1939-1943, antes do avião do Major Miller desaparecer durante vôo sobre o Canal da Mancha em dezembro de 44. Algo tão misterioso quanto o fato de “Moonlight serenade” não fazer parte do cardápio desta coletânea, embora as liner-notes chamem atenção para a presença da famosa balada. Tampouco “Serenade in blue” ou “Sunrise serenade” estão presentes, apesar do CD estar repleto de sucessos tipo “In the mood”, “String of pearls”, “American patrol” e “Chattanooga choo-choo”.
Vozes versáteis
Avançando no tempo, encontramos as versáteis vozes de Tony Bennett, Aretha Franklin e Esther Phillips. O CD de Bennett (nascido em 1926 e ainda hoje cantando uma barbaridade, sem dúvida algum o maior intérprete vivo do Great American Songbook) contém sucessivas aulas de interpretação. Pinçadas da fase 1956-67 de sua vastíssima discografia na Columbia, aparecem pérolas como “Caravan”, “Sweet Lorraine” (com o trompetista Bobby Hackett atacando de ukelele e Joe Marsala no clarinete), “I get a kick out of you” (arranjo de Ralph Sharon destacando o incendiário batera Art Blakey), “Stella by starlight” (orquestração de Ralph Burns para o tema do filme “The uninvited”), “Dancing in the dark”, “That old black magic” e uma incomparável performance de “Out of this world” na humilde companhia de Stan Getz, Herbie Hancock, Ron Carter e Elvin Jones.
Aretha Franklin (1942-) solta o vozeirão que a consagrou – primeiro como “Queen of soul”, com o estouro de “Respect”, em 67, e depois como “Queen of the blues” – como uma das mais notáveis intérpretes americanas. Esta compilação, por tentar se encaixar na temática da série, reúne gravações de sua fase mais jazzy, ainda que volta e meia adocicadas pelas seções de cordas adicionadas pelos maestros Clyde Otis (associado à maior influência de Aretha, Dinah Washington, de quem recria “What a difference a day makes”) e Robert Mersey. A diva passeia ainda por “God bless the child”, “Misty”, “Only the lonely”, “Skylark”, “But beautiful”, “Just for a thrill” e “For all we know”.
Reprocessando a influência de Dinah através da inspiração de Aretha, outra estilista de responsa, Esther Phillips (1935-1984) iniciou a carreira aos 13 anos. As onze gravações aqui compiladas são de sua fase no selo CTI, entre 1971 e 1977, abrigando nada menos que quatro faixas de seu disco de maior sucesso comercial, “What a difference a day makes”, puxado, obviamente, pela faixa-título em tratamento disco-music fornecido pelo eletrizante arranjo do guitarrista Joe Beck, com David Sanborn no sax-alto. Esther brilha em “Home is where the hatred is” (de Gil Scott-Heron, ídolo de Ed Motta, com Airto na pandeirola e Richard Tee ao piano) e nas faixas-títulos dos álbuns “From a whisper to a scream” (arranjo de Don Sebesky) e “Black-eyed blues”, de Joe Cocker. A única derrapada feia ocorre em ultra-equivocado tratamento country & western conferido à “I got it bad and that ain’t good”, que nem o baixo de Ron Carter consegue salvar.
Azes dos sopros
Outro astro do selo CTI em sua fase áurea, o tenorista Stanley Turrentine (1934-2000) brilha em sete performances captadas entre 1970 e 73. Neste paiol de grooves, as faixas que deram nome aos álbuns “Sugar” (solos incendiários de Freddie Hubbard e George Benson), “Salt song” (suntuosa orquestração do mestre Deodato, com Turrentine citando “Jeepers creepers” durante o improviso, com Airto na bateria e Ron Carter aplicando seus típicos glissandos no baixo) e “Don’t mess with Mr. T” (belo arranjo de Bob James para o tema soul de Marvin Gaye, com Idris Muhammad na bateria). Milt Jackson e Billy Cobham quebram tudo em “Speedball” (de Lee Morgan), após Stanley aplicar sua sonoridade aveludada à “Pieces of dreams” (Legrand) e – faixa até então inédita em CD, extraída do LP “The sugar man”, nunca relançado – “Make me rainbows”, tema de John Williams para o filme “Fitzwilly” com o guitarrista Kenny Burrell flutuando sobre as congas de Ray Barretto.
Saxofonista cuja carreira ganhou novo impulso após seu retorno aos EUA em 1976, após longo exílio na Europa, Dexter Gordon (1923-1990) beneficiou-se da forte estratégia de marketing concebida pelos executivos da Columbia. Há irretocáveis leituras de “As time goes by”, “Body and soul”, “Ruby, my dear”, “A nightingale sang in Berkeley square” e uma versão ao vivo de “’Round midnight”, título que mais tarde levaria Dexter ao ápice da fama graças à sua atuação como ator no filme de Bertrand Tavernier em 1986, recebendo até mesmo uma indicação ao Oscar. Ironicamente, a única faixa bobinha é extraída da trilha do filme, com a cantriz Lonette McKee afundando “How long has this been going on?” em insípida performance. Fora de série são os arranjos sofisticadíssimos de Slide Hampton para “Laura” (Bobby Hutcherson no vibrafone) e “You’re blasé” (George Cables ao piano), do LP “Sophisticated giant”.
A compilação de Chet Baker (1929-1988) se limita à fase CTI, nos anos 74 e 75. Há quatro faixas do disco “She was too good to me”: o magnífico tema-título de Rodgers & Hart mais os standards “Autumn leaves” (dividindo o spot com o melífluo sax-alto de Paul Desmond), “Tangerine” e “What’ll I do”, com Steve Gadd e Jack DeJohnette revezando na bateria, ao lado de Ron Carter, Hubert Laws, Bob James e Dave Friedman. Duas gravações ao vivo – “Line for lyons” e “My funny valentine” – pertencem ao concerto no Carnegie Hall, em 24 de novembro de 74, que marcou seu reencontro com Gerry Mulligan, trazendo John Scofield e Harvey Mason entre os sidemen. Por fim, a antológica adaptação de Don Sebesky para o adágio do “Concierto de aranjuez”, de Joaquin Rodrigo, na verdade pertencente ao álbum de Jim Hall já comentado neste espaço no mês passado ao ser relançado em SACD.
Contratada pela CBS de 1987 à 1993, a Dirty Dozen Brass Band (octeto liderado pelo trompetista Gregory Davis) desce o sarrafo em “Moose the mooche”, “Don’t drive drunk”, “It’s all over now” e “Jungle blues”, trazendo Dizzy Gillespie, Dr. John, Elvis Costello e Branford Marsalis entre os convidados. Formada originalmente para tocar em funerais, era completada por Kirk Joseph no sousafone (sim, aquele mesmo usado nas marchas militares de John Phillip Sousa), Roger Lewis no sax-barítono, Kevin Harris no tenor, Charles Joseph no trombone, Efrem Towns no segundo trompete, Jenell Marshall na caixa-clara, e Lionel Batiste nos tambores e pratos. Renovando a tradição do chamado “jazz de New Orleans”, misturava bop, soul, jambalaya e funk (o de James Brown, não o do Tigrão) num caldeirão sonoro em constante ebulição que não perdeu a força nem o bonde. Afinal, como dizia Nelson Rodrigues: “Não há admiração mais deliciosa do que a do inimigo''.
Legendas:
“Glenn Miller, o mais carismático band-leader da era do Swing”
“Esther Phillips, estilista de timbre marcante e inconfundível”
“The Dirty Dozen Brass Band, caldeirão sonoro em permanente ebulição”
“Chet Baker em 1974, dando novo impulso à sua carreira”
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