"A Campanha Contra A lepra Em Minas Gerais"
A Atuação da Sociedade Mineira de Proteção aos Lázaros e Defesa Contra A Lepra
Escreveu Maria Luiza Barcellos - Secretaria da Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra A Lepra - Agosto de 1936
O objeto desta nota é, principalmente, divulgar a existência de uma sociedade de alta benemerencia pública, sem preocupação de literatura ou beleza de frase. Nela se fixará uma ação social metódica, sistemática e eficiente, ao lado de um trabalho cívico de preparação do povo para o apuro de suas condições raciais.
Esta é, e tem sido, a finalidade da Sociedade Mineira de Proteção Aos Lázaros e Defesa Contra A Lepra, sobre a qual não se pode escrever sem evocar igualmente a Colônia de Santa Isabel, um dos leprosários mais notáveis e mais fecundos em beneficiamentos públicos, de que dispõe a aparelhagem sanitária brasileira: este último, obra de um governo patriótico, continua ainda hoje e jamais abandonada pela administração pública do Estado de Minas Gerais; é a primeira filha da iniciativa privada e por ela mantida, somando ambos, pelo esforço conjugado, um só todo, dentro da atuação e dos benefícios que distribuem.
A existência de uma ação oficial, de determinado fim, visando que apenas o isolamento dos aflitos do mal de Hansen, sem uma campanha intensa, correlata, educativa, e o serviço de preparação ambiente, não satisfazia às necessidades e às solicitações do problema angustiante da lepra no Estado, cujo quociente já era assustador.
Preciso se fazia criar, portanto, para ação conjunta, a iniciativa popular, despertando o interesse do povo, que se devia colocar ao lado do governo. E foi conhecendo desta necessidade, sentindo de um modo mais positivo as exigências imperativas da questão, que o conhecido médico brasileiro Dr. Ernani Agricola sugeriu ao Rotary Club de Belo Horizonte a fundação da Sociedade Mineira de Proteção aos Lázaros, fato que constituiu um verdadeiro acontecimento, tão grandemente foi entendido na sua alta significação patriótica, e de tal sorte foi aceito pela população do Estado montanhês. Para aquilatar do valor da Sociedade e da grandeza de sua obra, basta que sejam resumidos os seus atos principais nestes curtos cinco anos de sua preciosíssima existência.
Fundada em 19 de Julho de 1931, para logo os seus dirigentes alistaram sócios em número considerável na capital do Estado e fundaram núcleos sociais em vários municípios, todos filiados àquela sociedade, instituindo modos e sugerindo formas novas de atração de elementos preponderantes, conseguindo cifras notáveis capazes de por si sós garantirem a execução das obras, como o Preventório de São Tarcísio, construído em terreno próprio, distante cinco quilômetros da Colônia Santa Isabel, no qual se abrigaram em 1934, para início, 34 crianças e posteriormente mais 76 crianças, filhas sãs de leprosos, que ali encontram mais do que educação - o carinho e o conforto, a possibilidade de permanecerem sadias, por estarem fora do contágio da moléstia que amargura os dias de vida de seus desolados pais.
Não parou, porém aí, a ação fecunda e benemérita iniciada com o Preventório São Tarcísio. A sociedade prosseguiu e ergueu, para conforto espiritual dos doentes ali internados, a Igreja da Colônia Santa Isabel. Procurando trazer alegria aos internados, todos os anos, em época de festa, celebrando-as com os recursos de seus cofres, organizando "teams" de "foot-ball", bandas de música e exibições cinematográficas, põe um pouco de claridade no isolamento de seus doentes.
De propósito não citamos cifras, apenas significamos que as mesmas foram sempre consideráveis e fruto de abnegada ação de cooperadores, que se santificam no ministério de ensinar aos homens o dever da solidariedade. Como exemplo, basta dizer-se que a construção e a instalação do Preventório custaram aos cofres da Sociedade 650:000$000 e a sua manutenção orça mensalmente em 5:000$; que o aparelho cinematográfico custou 10:000$000, sendo que concorrem para a existência e atuação da Sociedade, todas as suas filiais no Estado, umas mais do que outras; a Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros; algumas Prefeituras Municipais, e o Estado de Minas, com uma subvenção de 30:000$000 anuais.
Fotos:
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1. Vista panorâmica da Colônia Santa Isabel
2. Pavilhão Juiz de Fora, centro completo de diversões dos doentes, oferta da bela cidade mineira que lhe deu o nome
3. Interior do Pavilhão Juiz de Fora, com o salão de teatro e cinema Teatro Glória
4. Sala de festas no Pavilhão Juiz de Fora
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5. Bar
6. Bilhares
7. Praça de esportes
8. Trecho parcial da zona de doentes
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