Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 5 de Fevereiro de 2001 e publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa"
Porta da Frente/***
Boa surpresa em matéria de MPB
Arnaldo DeSouteiro
Primeiro, uma certa desconfiança. Abilio Abreu? Amigos Records? O que será isso? Depois, a prazeirosa sensação de ter conhecido um promissor talento da MPB, em excelente disco de estréia. Curitibano, radicado nos EUA, Abilio recrutou alguns dos melhores musicos brasileiros ativos em NY (entre eles o batera Paulo Braga, o baixista Sergio Brandão e o pianista Cidinho Teixeira, aqui atacando de acordeon), juntou com expoentes da cena latin-jazz (como o tecladista Dario Eskenazi, colaborador de Paquito D’Rivera em “Tropicana Nights” e “Portraits of Cuba”, e o trompetista Diego Urcola, da banda Amazon liderada por Thiago de Mello) e gravou as nove faixas do CD “Porta da frente” sob a produçao de Antonio Moreira, dono do selo independente Amigos Records.
De saída, com a faixa-título que abre o disco, a feliz constatação de que alguém (nem que seja em Nova Iorque) ainda sabe fazer samba escapando tanto das padronagens do chamado “samba de raíz” (urgh!) como do sambanejo mauriçola. E sem entrar na onda da bossa-nova requentada! O compositor/violonista/cantor passeia com competência por temas de inspiração nordestina (“De partida”, mesclando sanfona, violino e cello) e outros de pulsação funk (“Crítica”, com uma levada a la Deodato/Tropea na onda de “Super strut”), mas brilha mesmo é nos sambas, definitivamente a sua praia. Casos de “Traição” (puxado por Paulo Braga nas vassouras), “Sonho americano” e a deliciosa “Metrô”, de refrão que gruda no ouvido. Uma comparação para servir de referencial? O Djavan do início de carreira, no tempo da boite 706 e do primeiro LP na Som Livre, antes da fase das baladinhas melosas. Abilio Abreu entra na MPB pela “Porta da frente”.
PORTA DA FRENTE – Disco de estréia de Abilio Abreu. 9 faixas. Independente (Amigos Records)
Saturday, October 13, 2007
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1 comment:
Não conheço. Aliás, trafego lentamente pelas vias da música. escuto um pouco aqui, mais um pouco acolá, e me divirto. Percebe-se, pelos seus comentários, uma vivência interessante e um trato que escapa às estereotipias ("samba de raiz - argh", por exemplo, se entendido não como uma refutação do que foi feito, mas como uma crítica à perspectiva segundo a qual nada mais pode ser feito, é um bom sinal). Parabéns pelo trabalho.
Abraços,
Salsa
http://jazzseen.blogspot.com e mpbjazz.blogspot.com
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