LOS ANGELES-BASED JAZZ HISTORIAN, EDUCATOR AND RECORD PRODUCER. VOTING MEMBER OF NARAS-GRAMMY, JAZZ JOURNALISTS ASSOCIATION AND LOS ANGELES JAZZ SOCIETY. FOUNDER & CEO OF JAZZ STATION RECORDS (JSR), A DIVISION OF JAZZ STATION MARKETING & CONSULTING - LOS ANGELES, CALIFORNIA.
Thursday, May 31, 2007
Sam Rivers, 83, on stage with Dave Holland & Barry Altschul
He had not expected to blossom like he did at this age, 83 year old Sam Rivers said at a concert at New York's Miller Theater, as Nate Chinen reports ( New York Times ). On stage he met with Dave Holland and Barry Altschul, two musicians with whom he had worked together in the 70s. On each of the instruments he played he showed a different approach: "on tenor saxophone he had a burred and slightly bleary tone; on soprano he sounded silvery and precise; during his forays on flute he balanced dartlike flurries against a multiphonic humming; and his brief piano interlude was disarmingly sumptuous, with a sweeping romanticism that felt transplanted from another show". Holland and Altschul played with immense presence as well, even though at times "there was a mild disconnect between Mr. Rivers and the other musicians". But that is understandable, writes Chinen, as they had not performed together for such a long time.
Bob James & Earl Klugh on "Naked Guitar"
"Other Music" In-Store Performances
THE PIPETTES
Joined by special guest, Monster Bobby
TUESDAY, JUNE 5 @ 7:00 P.M.
LSD MARCH
WEDNESDAY, JUNE 20 @ 8:00 P.M.
OTHER MUSIC: 15 E. 4th Street NYC
Free Admission/Limited Capacity
JUN Sun 03 Mon 04 Tues 05 Wed 06 Thurs 07 Fri 08 Sat 09
OTHER MUSIC PARTY FEATURING PANTHA DU PRINCE
We've been waiting for this one! Other Music is very excited to mark the return of Pantha Du Prince ! The Hamburg DJ/producer will be making an exclusive NYC appearance at APT on Friday, June 8 in support of his new album, This Bliss , on Dial . $10 tickets are available at Other Music.
FRIDAY, JUNE 8
APT : 413 W. 13 Street NYC
Mariana de Moraes em Atenas
MusicPad Pro discount for NARAS members
This revelatory product has become an important performance tool for musicians all around the world. You can save time and money while eliminating paper by taking advantage of The Recording Academy Member Benefit program. Take 30 days to try the product and, if you are not satisfied, return it for a full refund.
June schedule on Riverwalk Jazz
Riverwalk Jazz Returns to XM
Beginning June 2, Riverwalk Jazz will be heard weekly on XM's Real Jazz Channel 70, Saturdays at 9 AM and Sundays at 9 PM ET. Thanks to all those who wrote into XM asking that the program series be reinstated, and to fan Eric Hoffman who led the charge. Hoffman writes, "I'm grateful that XM came to recognize how important this show is. It's great fun to listen to, educational and really gets to the root of jazz, not just 'Dixieland.'"
Making his first Riverwalk Jazz appearance on a show devoted to James P. Johnson, a key figure in the evolution of jazz piano, is the renowned piano virtuoso, composer and educator Shelly Berg (pictured above), who until recently was a Professor of Jazz Studies at the University of Southern California Thornton School of Music. Shelly has recently been appointed as the new Dean of the Frost School of Music at the University of Miami.
6/7 Riffs and Shouts: The Building Blocks of Jazz
Nothing gets us in the groove like a catchy riff. Trumpeter Bob Barnard and The Jim Cullum Jazz Band heat up the bandstand with a show devoted to jazz riffs.
6/14 James P. Johnson: The Supreme Tickler
Broadway veteran Vernel Bagneris, piano ace Shelly Berg, and The Jim Cullum Jazz Band team up to salute James P. Johnson the Dean of Stride Pianists.
6/21 Midnight Moods: The Small Combo Sessions
Good things come in small packages. Tune in for a program featuring the best of the small combos that have taken the stage at The Landing.
6/28 In Old New Orleans: The Story of Jazz Legend Bunk Johnson
The Jim Cullum Jazz Band celebrates the music of Bunk Johnson. And we’ll hear his stories of life in New Orleans by special guest, Vernel Bagneris.
Note: Riverwalk Jazz public radio broadcasts are recorded well in advance of their airdates. These listings do not reflect live appearances at the Landing in San Antonio. For what's happening at the Landing, check our calendar page.
Vozes d'África em Montreux
Arnaldo DeSouteiro
O novo pacote de DVDs da série ”Live at Montreux”, que chega esta semana às lojas em prensagens nacionais do selo paulista ST2, destaca títulos altamente expressivos de dois ícones da chamada world-music: o grupo Ladysmith Black Mambazo e o cantor Youssou N’Dour, que ganharam fama mundial após a colaboração com Paul Simon no antológico álbum “Graceland”. O DVD do Ladysmith (com tiragem inicial de duas mil cópias) junta os melhores momentos dos shows realizados no Festival de Montreux em 1987, 1989 e 2000. Já a performance de Youssou (tiragem de dois mil e quinhentos exemplares) é calcada em sua apresentação de 1989, complementada por cinco números do show de 1995. Indicações precisas para quem imagina a world-music somente como sinônimo da electro-bossa desidratada de Bebel Gilberto ou dos oportunistas projetos pasteurizados de Yo-Yo Ma.
Machado afiado
Talvez o conjunto vocal mais endeusado no cenário musical sul-africano, o Ladysmith Black Mambazo (nome que significa “o machado negro de Ladysmith”) foi criado na cidade de Ladysmith, na província de KwaZulu-Natal. Seu líder, o Reverendo Professor Joseph Shabalala, nascido em 1941, começou a cantar quando, ainda criança, trabalhava como pastor, cuidando do rebanho da família. Mudando-se para Durban, entrou para o grupo Highlanders, antes de formar, em 1958, seu próprio conjunto, completado por membros da família. Nos anos 70, esta formação ficaria conhecida como Ladysmith Black Mambazo, porque, segundo palavras do próprio Shabalala, “eu queria que as nossas vozes fossem cortantes como um machado afiado”.
“Amabutho”, o LP de estréia, saiu em 1973, pelo pequeno selo sul-africano Gallo Records. Logo suas músicas começaram a tocar na rádio Zulu, atingindo parte da segmentada sociedade local. Porém, somente depois da ida de Paul Simon à África do Sul em meados dos anos 80 (quando ainda vigorava o regime do apartheid), para a gravação do Grammyado álbum “Graceland” lançado em 1986, foi que o Ladysmith ganhou fama nacional e internacional. Além do hit “Diamonds on the sole of her shoes”, Paul e Shabalala criaram juntos “Homeless”, desde então piéce de resistence no repertório do grupo. Simon ficou tão impressionado com o Ladysmith que escreveu “Under african skies” em homenagem a seus colaboradores, descrevendo-os como “o melhor grupo vocal do mundo”.
Este DVD “Live at Montreux” reúne os pontos-altos das apresentações realizadas no famoso festival de Claude Nobs em 1987 (ano seguinte ao lançamento de “Graceland”), 1989 (escalado para a “All Night Long” de 22 de julho, maratona de encerramento que contou também com Al Green, Albert King, Manhattanh Transfer, Ray Barretto, Chico Hamilton e o Modern Jazz Quartet) e 2000. Mas, curiosamente, em ordem cronológica ao inverso. As cinco primeiras músicas são de 2000, com destaque para “King of kings”, “Hello my baby” (uma das poucas cantadas em inglês, mostrando a coreografia típica do conjunto) e uma versão para o tradicional tema “Amazing Grace”, cantado na turnê com Simon. Seguem-se quatro instigantes canções de 1989 – entre elas, “Homeless”, tão adorada a ponto de ser incluída também nas performances de 1987 e 2000, na parte de “extras” do DVD.
Sons guturais
Comparando as três interpretações, nota-se como o grupo ganha confiança perante a um público cada vez mais familiarizado com o repertório e receptivo àquela experiência musical única oferecida por Shabalala e seus pupilos. A postura teatral deriva do desejo de (re)produzir uma fonte própria de entretenimento. Tal estilo é chamado de “isicathamiya”, uma forma mais suave do “mbube”, e seu nome descreve os leves passos de dança desenvolvidos pelos trabalhadores nos albergues onde moravam. “Os passos tinham que ser leves para não chamar a atenção dos seguranças que faziam patrulha do lado de fora”, explicou Shabalala ao crítico Joseph Adair.
As harmonizações vocais revelam as influências dos missionários ocidentais e, embora os cantores sejam barítonos (geralmente sete) em sua maioria, há também trechos para um garoto disfarçado de “contralto” (tentando compensar a ausência de vozes femininas) e um ou dois tenores. Quando não está liderando o coro, Shabalala volta e meia assume o papel de tenor. A formação do Ladysmith muda bastante, mas sempre conta com membros da família do líder. Quatro dos filhos de Shabalala entraram no conjunto no final dos anos 90, sendo o tenor Msizi o mais novo. Outro tenor, Albert Mazibuko, está no grupo desde 1969.
Cantando não apenas em zulu, mas também em sotho, xhosa, inglês e eventualmente até em alemão, emitindo impactantes sons guturais, o Ladysmith Black Mambazo alcançou um sucesso comercial ímpar sem macular a pureza musical de suas mensagens musicais. As colaborações com astros da música pop como Paul Simon, Des’ree, PJ Powers, China Black e até com a veterena musa country Dolly Parton permitiram que o grupo ampliasse tremendamente sua popularidade, universalizando suas raízes. Para 24 de janeiro de 2006, já está agendado um novo lançamento nos EUA, pelo selo Heads Up: “Long walk to freedom”.
Superastro do Senegal
Nascido em Dakar, Senegal, em 1959, Youssou N’Dour, que já se apresentou quatro vezes no Festival de Montreux, vem de uma família de “griots” (casta de músicos e contadores de história da África ocidental), tendo aprendido muito cedo as canções do povo uólofe. Ainda criança, integrou grupos de teatro tradicional em Medina, fazendo sua primeira apresentação como cantor aos 14 anos de idade. Dois anos depois entrava para a banda de Ibra Kasse que atuava no Miami Club, a casa noturna mais badalada de Dakar naquela época. Em 1977, decidiu reformar a Star Band, reciclando a cultura uólofe do Senegal, eclipsada durante anos pela colonização francesa. Esse processo resultou no “mbalax” (palavra que descreve o característico ritmo da percussão que é a sua base), uma música urbana e funkyada, mas ainda assim essencialmente africana, que se tornou o som preferido dos jovens de Dakar.
Quando Yossou já era o maior astro do Senegal, o selo Celluloid lançou na França o LP “Immigrés”, em 1984, que causou forte impacto na crítica. Seguiram-se “Nelson Mandela” (que levou Peter Gabriel a convida-lo para atuar em seu disco “So” e abrir os shows de sua turnê mundial em 1987), “The lion” e “Set”, além da participação na turnê “Human Rights Now”, promovida pela Anistia Internacional, ao lado de nomes como Bruce Springsteen, Tracy Chapman, Sting e o próprio Peter Gabriel, o padrinho da carreira internacional do senegalês. Atuou ainda no “Graceland”, de Paul Simon, que vendeu milhões de cópias e chegou ao terceiro lugar na parada pop da Billboard. O DVD “Youssou N’Dour et le Super Etoile de Dakar live at Montreux 1989” capta exatamente esse momento crucial, conseguindo a proeza de recriar, na paradisíaca cidade suíça, a atmosfera de uma noitada em Dakar.
“Com os ritmos irresistíveis de uma das melhores bandas já surgidas na África, a presença carismática e a voz retumbante de Youssou convenceram a todos os que tiveram o privilégio de estar naquela noite no Cassino de Montreux, de que não haviam apenas presenciado uma performance extraordinária de um astro em ascensão, mas também ouvido uma das melhores vozes do mundo”, sentenciou o crítico Nigel Williamson, comparando-o a Otis Redding e Marvin Gaye. No cardápio do show de 1989, cantado tanto em inglês como no idioma nativo uólofe, destacam-se o tema de abertura “Macoy”, “Immigrés”, “Shakin’ the three” (sua primeira música a emplacar na parada de singles da Billboard, chegando ao nono lugar na lista de “modern rock”!), “Bamako” e “Gaiende”. Todos marcados pela pulsação dos “talking drums”, os tambores falantes “sabar” e “tama”, sempre tocados com uma coreografia especial pelos percussionistas-dançarinos. Detalhe: o show de Youssou rolou na madrugada de 8 para 9 de julho de 89, na noite batizada “África/Brazil”, aberta por Jair Rodrigues, Paralamas do Sucesso e Pepeu Gomes.
Sete segundos
Após o controvertido projeto “Eyes open”, encomendado pelo selo 4 Acres & A Mule do cineasta Spike Lee em 1992, e indicado para o Grammy, Youssou estourou definitivamente em 94 com o álbum “The guide - wommat”, puxado pelo single “7 seconds”, faixa gravada em dueto com Neneh (filha do trompetista Don) Cherry. O sucesso mundial levou o cantor de volta à Montreux em 95, e cinco faixas daquela noite aparecem como “bônus” no DVD: “Nelson Mandela” (um hino extra-oficial que celebrava as conquistas do povo da África do Sul), “Toxiques”, o irresistível hit “7 seconds” (com Victoria Chidid no “papel” de Cherry), “Set” e “Chimes of freedom”, dando um novo sentido à música de protesto composta por Bob Dylan nos anos 60.
O estrondoso sucesso de “7 seconds”, inclusive no Brasil, fez de Youssou uma celebridade internacional, recrutado para discos de Lou Reed, Wyclef Jean e Ryuichi Sakamoto, Porém, ao contrário de outros artistas africanos, ele não se mudou para a Europa ou para os EUA. Ao contrário: investiu tudo em Dakar, abrindo a casa noturna Thiossane onde se apresenta semanalmente, montou um estúdio de gravação batizado Xippi (que significa “olhos abertos”), fundou seu próprio selo Jololli, e ainda comprou uma estação de rádio. Fiel às origens, continuou a abastecer o mercado senegalês lançando novas músicas em fitas cassete, vendidas por ambulantes nas ruas e nas feiras.
No final de 1999, quando revistas do mundo inteiro começaram a fazer listas dos “maiores e melhores”, várias delas estamparam Youssou N’Dour em suas capas, chamando-o de “artista africano do século”. Em sua terra natal, a revista Nouvel Horizon elegeu-o “personalidade do milênio no Senegal”. Afirmações corroboradas pela qualidade de álbuns que vieram logo em seguida, como “Joko: from village to town” (2000), “Nothing’s in vain” (2002, com melodias baseadas em instrumentos tradicionais como balafon, kora, xalam e o violino de uma corda só chamado “riti”), e “Egypt” (2004, uma revisão de sua herança islâmica, rendendo homenagem ao sufismo e aos marabutos senegaleses). Um pouco de tudo isso certamente estará em seu próximo show em Montreux.
Legandas:
“Ladysmith Black Mambazo: o melhor grupo vocal zulu em todos os tempos”
“Youssou N’Dour: superastro do Senegal atuou na noite ”África/Brazil” em 8 de julho de 1989, depois de Jair Rodrigues, Paralamas e Pepeu Gomes”
Dancefloor Jazz at Bypass in Genève
Bill Charlap
R.I.P.: Buddy Childers
Message from Diane Hubka
Hope you can join me at these upcoming gigs, and also check out my new CD! Diane Hubka Goes to the Movies will be available in stores June 12.
Friday, June 1, 2007 @ 7:30 - 11:00 PM Cousins Wine Tasting 2390 Las Posas Rd. Unit F; Camarillo, CA 805-445-4424
Diane Hubka - solo v, g
This will be my first time playing & singing at this pretty venue in Camarillo. Cousins Wine Tasting was designed to be a gathering place to taste and explore fine wines in a comfortable and friendly setting.
Friday, June 8@ 6:30 - 9:30 PM no music charge Cafe Marly 9669 Little Santa Monica Blvd.Beverly Hills, CAReservations: 310-271-7274
Diane Hubka - solo voice & guitar
I'll be singing and playing at this pretty French cafe. The atmosphere is cozy and charming, and the FOOD is DELICIOUS! (REAL French Crepes, etc.)
My new CD will be available in stores (and online outlets) on June 12! Diane Hubka Goes to the Moves will be available in Borders, Amazon, itunes, and directly from the label: 18th & Vine Records
FIVE STAR REVIEW in Japan's Swing Journal!
Tracklist:
All God's Chillun' (A Day At The Races)
Double Rainbow (The Adventurers)
The Look Of Love (Casino Royale)
Lovers In New York (Theme) (Breakfast At Tiffany's)
He's A Tramp (Lady and the Tramp)
The Bad And The Beautiful (The Bad and the Beautiful)
I'm Old Fashioned (You Were Never Lovelier)
The Long Goodbye (The Long Goodbye)
Close Enough For Love (Agatha)
You Only Live Twice (You Only Live Twice)
Wild Is The Wind (Wild Is the Wind)
Manha de Carnival (Black Orpheus)
Invitation (Invitation)
Diane Hubka - vocals, solo guitar track 12Christian Jacob - piano, arranger
Carl Saunders - trumpet
Larry Koonse - guitar
Chris Colangelo - bass
Joe LaBarbera - drums
"Diane Hubka is heard at her very best throughout this memorable musical trip to the movies." - Scott Yanow, author of Jazz On Film.
Wednesday, May 30, 2007
Message from Kurt Elling - Book, CD and Tour Dates
FOR THE 7TH STRAIGHT WEEK!
This is the first time a KE release has remained at number one for this
long. Thanks to YOU FANS for all the call-in requests. You have kept us #1.
Let's keep it up. Call your local jazz station and request your favorite cut
from NIGHTMOVES today.
We are proud to announce the release of LYRICS, a handsomely bound
soft-cover print edition of all of KE's recorded writing. Richard Connolly
has edited and designed this hip collection for Circumstantial
Productions/CJK Design, which has also published the lyrics of writers like
Dave Frishberg, Fran Landesman and Bob Dorough. The book is a must for
serious collectors, for those doing research and for anyone who wants a
keepsake.
Only a limited number of first edition copies have been printed, and each is
hand-signed by KE.
The books are available now on Kurt's website.
Order yours while supplies last!
http://www.kurtelling.com/store/
WE have a big summer planned in Europe. If you live or will be traveling in
Europe, we'd love to see you at one or more of our concerts. If you have
friends in Europe please send them to our shows - we'd love to meet them.
Here are the dates:
June 2, 2007
KE with Chicago Jazz Philharmonic
Auditorium Theater
Chicago, Il
June 6, 2007
KE Quartet
Green Mill
Chicago, IL
June 9, 2007
KE with Terrance Blanchard
Spike Lee Project
New Haven, CT
June 14, 2007
KE Quartet
Nighttown
Cleveland, OH
June 15, 2007
KE Quartet
Jazz Factory
Louisville, KY
June 16, 2007
KE Quartet
Rose and Alfred Miniaci Performing Arts Center
Fort Lauderdale, FL
June 17, 2007
KE Quartet
Blues Alley
Washington, D.C.
June 29, 2007
KE - Nancy Wilson Tribute
Carnegie Hall
New York, NY
July 4, 2007
KE Quartet
Montreal Jazz Festival
Theatre Maisonneuve
Montreal, Canada
July 6, 2007
KE Quartet
Vienne Jazz Festival
Vienne, France
July 7, 2007
KE Quartet
Porquerolles Jazz Festival
Porquerolles, France
July 8, 2007
KE Quartet
Blue Note Festival
Ghent, Belgium
July 9, 2007
KE Quartet
Villa Celimontana
Rome, Italy
July 10, 2007
KE Quartet
Kongens Have. (Kings Garden)
Copenhagen, Denmark
July 12, 2007
KE Quartet
Public Square
Pizen (Pardubice)
Czech Republic
July 13, 2007
KE Quartet
Jardin Botanico De La Universidad Complutense
Madrid, Spain
July 14, 2007
KE Quartet
XXVI Estoril Jazz
Jazz on a Summer Day 2007
Cascais, Portugal
July 15, 2007
KE Quartet
Madeira Hall
North Sea Jazz Festival
Rotterdam, Netherlands
http://www.northseajazz.nl/index.en.asp
July 17, 2007
KE Quartet
JFC Night Club
Moscow, Russia
July 21, 2007
KE Quartet
Bodegas de Mora
Puerta de Santa Maria, Spain
July 22, 2007
KE Quartet
Jardines Del L’Auditori
Torrent, Spain
July 23, 2007
KE Quartet
XV Festival Internacional de Jazz & Blues de Pontevedra
Pontevedra, Spain
Concord Records video press release:
Real Player version click here:<http://www.concordmusicgroup.com/audio/ram/KurtEllingEPK.rm>
Windows Media player version click here: <http://www.concordmusicgroup.com/audio/asx/KurtEllingEPK.asx>
Pescara ao vivo em SP e na Cover Baixo
1 – Como o pessoal da Bajista chegou até o seu trabalho? Quando e como foi realizada a entrevista? Pelo contato que você teve com o pessoal da revista, como os baixistas brasileiros são vistos no mercado europeu e, em particular, na Espanha?
Foi através do meu intenso trabalho no exterior, graças à JSR e ao Arnaldo DeSouteiro, meu produtor, que tem por bom costume cuidar da carreira de cada um de seus pupilos como se fossemos seus filhos... (risos). São conselhos, ensinamentos e um excelente trabalho de divulgação. Com isto consegui várias gravações de discos que são feitos para o mercado exterior. Quando meu disco solo saiu, a VoicePrint UK distribuiu pela Europa. Dai o passo seguinte foi o Guillermo Cides (do Stick Center e da Bajista magazine) ouvir o trabalho e me convidar para uma entrevista, no fina do ano passado. Olha, pra ser sincero pelo o que o Guillermo me falou, eles pouco sabem sobre os baixistas brasileiros em si, a não um ou outro como Luizão Maia, Sizão Machado e Nico Assumpção, mas a música brasileira é muito bem vista por la. Mesmo porque, para o europeu, assim como para os asiáticos e americanos, não adianta você ir lá tocar e vir embora. Tem que ter um registro definitivo. Um disco, ou vários. e disco de gravadora, senão não entra em resenhas, criticas, lojas, etc. Mas sei que meu caso é específico e é muito difícil um baixista gravar um cd e conseguir uma gravadora por tras para bancar, distribuir e divulgar... Realmente é um círculo fechado que precisa ser vencido com muito esforço e paciência!
2 – A que você atribui a honra de ter sido escolhido para ilustrar a capa de uma revista tão importante? Até o momento, como foi a recepção que você obteve do público espanhol? Quais as músicas suas que entraram no CD distribuído pela revista?
A principio eu nem sabia que seria capa. Não fui avisado disto, mas meu trabalho foi tão bem aceito (segundo Guillermo), que os próprios editores resolveram me ceder a capa. Mas não foi só isso! A entrevista inteira tem seis páginas, com uma foto enorme de duas páginas no início, chamada no editorial com elogios, chamada de índice com foto grande e inserção de varias músicas minhas no Cd que vem encartado na edição. As músicas escolhidas foram Funchal, Power of Soul, Kashmir, Black Widow, Comin' Home Baby e The Great Emperor of Bass porque foram citadas e comentadas na entrevista. Tudo isto saiu na edição nº26 de Dezembro passado. A recepção tem sido fantástica, mesmo porquê quando esta revista estiver nas bancas eu estarei na metade de um giro que farei por Portugal e Espanha em workshops da Selenium e da Elixir aproveitando esta midia toda!
3 – Seu mais recente CD, Grooves in the Temple, recebeu excelentes comentários de revistas prestigiadas de todo o mundo, como a Cadense magazine, a Jazz Hot da França e a Down Beat. Você pensa em seguir carreira fixa fora do Brasil? Quando vai lançar um próximo trabalho solo? Já tem idéia de como será o disco?
Mas minha carreira já é fora do Brasil! (risos) Veja: meu disco foi distribuído em mais de 15 países entre Europa e Ásia, além de chegar como importado no USA. Tive várias criticas positivas em sites, jornais e revistas, além de entrevistas e músicas tocadas em rádios de jazz de vários países. Com tudo isto posso afirmar categoricamente que: a sonoridade que obtive no disco foi propositalmente adquirida para os ouvidos do primeiro mundo. Claro, que eu sou aquele disco! meu som é aquele, e eu sou assim. Por isso a verdade sonora! O Brasil é que ainda vive preso à paradigmas e padrões pré-concebidos... triste, muito triste!
Meu próximo disco será lançado tão logo terminemos os trabalhos. Mas nada de pressa. Quero fazer um disco com cuidado, com muita perseverança e critério. Sem desespero. Não quero quantidade de discos... quero "O Disco!" Já gravei mais da metade dele, mas ainda estamos trabalhando, então, prefiro dividir o que já existe, aquele que já está pronto e pode ser dividido com os outros! (risos)
4 – Você é um pesquisador incansável de sonoridades e equipamentos. Quais experimentos deste tipo você tem feito recentemente? Tem planos de coletar as informações adquiridas em um livro?
Tenho trabalhado muito com filtros no fretless e com os funk fingers, além de gravar e usar efeitos no Megatar Toneweaver de 12 cordas. Isto tudo estará registrado em músicas. Mas dá pra se ter uma noção de uma pesquisa recente ouvindo um tema chamado Holograma que gravei com um piccolo fretless com afinações alternativas (mudei a afinação no meio da música e retornei à afinação original no final dela), além de muitos efeitos analógicos, tappings, harmônicos e slaps misturados. Algo bem ao estilo Michael Manring. Postei este tema no meu profile do My Space. Convido aqueles que se interessarem para curtir esta gravação. Também estarão à disposição os três temas que gravei usando o Megatar com o Cláudio Kote na guitarra, o Glauton Campello nos synths e o Chocolate na bateria. Estes vão para o site da Megatar. Pretendo sim compilar esteas pesquisas em forma de livro, até já estou fazendo isto, mas isto vai ter que aguardar, porque escrever colunas mensais pra duas revistas (Cover Baixo e Backstage), tocar e gravar com Ithamara Koorax, cuidar da minha carreira solo que envolve vários livros, cd, patrocinadores e outras coisas, além das eventuais produções e projetos de que participo, me toma todo o tempo do mundo!
5 – Você lançou recentemente um livro da coleção Toque de Mestre sobre harmônicos. Como foi realizado este trabalho? Fale um pouco também sobre o livro Manual do Groove, que você está lançando pela editora Irmãos Vitale. Quais são seus próximos projetos na área didática?
Este livro foi escrito ao longo destes anos todos de pesquisa e muito estudo. Já o tinha pronto no início do ano passado quando fui convidado por André Martins para lançá-lo através da coleção Toque de Mestre. Dai foi so uma questão de segurar a ansiedade pela demora porque ele entrou em uma fila de lançamentos da editora. É um apanhado geral de tudo que permeia a arte de extrair harmônicos no contrabaixo elétrico. O Manual do Groove é um livro diferente do que se encontra no mercado, aliás gosto de fustigar e fazer as pessoas pensarem por si próprias ao invés de entregar um livro com fórmulas prontas. Ali eu expresso uma pesquisa que fiz em viagens nestes anos sobre o groove no mundo, além de exemplificar as linhas de contrabaixo, os equipamentos, discografia, etc. Deve estar pronto nas lojas em breve. Tenho muitos outros livros no computador: Slap, Acordes, Tapping, mas me falta tempo para sentar e dar a última revisada antes de decidir qual será o próximo (risos). Seguramente pretendo falar com Arthur Maia para relançarmos o Transcriptions (livro de transcrições de grooves, estudos e solos das gravações de Arthur Maia desenvolvido por Pescara em 1995 e fora de catálogo desde então) atualisado e revisado, pois até hoje aqui no Brasil e mesmo no exterior continuam me perguntando sobre este livro.
6 – Você gravou no novo disco da cantora Ithamara Koorax. Como foi este trabalho? Quais outros projetos você tem participado, além da carreira-solo? Tem outros nos planos para breve?
O Brazilian Butterfly, pra mim, é um dos discos da Ithamara de que eu mais gosto. Alí pude explorar meus grooves mantricos no fretless de 6 cordas e usei ate filtros MuTron II. É maravilhoso quando o produtor e o artista acreditam no potencial do músico que os acompanha e permite fluir sua linguagem pessoal. Alí, tocando com a Ithamara Koorax, me sinto em casa. E estar no mesmo disco que Ron Carter, Alex Malheiros e Manuel Gusmão não é fácil! Eu estou sempre em constante movimento, mas claro que estou ansioso pelo próximo da Ithamara e por alguns projetos que já estao em andamento. Mas ao seu devido tempo eu falarei sobre eles.
7 – Você é sócio do KS estúdio, em jacarepagua no Rio de Janeiro. Pretende se especializar na área de produção, além de baixista?
Sou sócio do Cláudio Kote no estúdio e lá já tivemos muita gente legal ensaiando, gravando ou em pré produções, como Kelly Key, Renato Rocha (ex-Legião Urbana), Cláudio Zoli e alguns cantores do (programa da TV Globo) Fama. É um estúdio pequeno mas aconchegante e com pouco equipamento tiramos uma sonoridade muito interessante, elogiada por muitos. Kote além de ser um ótimo guitarrista pilota perfeitamente o ProTools! Mas respondendo sua pergunta não tenho esta pretenção por agora, porém trabalhar nestes últimos oito anos ao lado do Arnaldo DeSouteiro, um premiadíssimo produtor jazzistico no exterior que produz ou já produziu nomes como Luíz Bonfá, João Gilberto, Dom Um Romão, Thiago de Mello, Ithamara Koorax e Deodato, dentre outros, é um verdadeiro aprendizado a cada dia. Quem sabe... gosto de dividir produção, participar, opinar, mas nao pensei ainda em assumir algo sozinho, não. Aliás, você acaba de me dar uma ótima idéia (risos)!
Digimusicard Digital Download Service
Pierre Favre
The drummer Pierre Favre performs with a drummers' ensemble at the moment which plays a repertoire of up to 70 percent composed music, as he tells Lukas Baumann ( Schaffhauser Nachrichten ). He deliberately works without melodic percussion instruments such as the marimba or the xylophone. Each of the eight drummers brings his own instrument, and each of them phrases differently. Even though he works more with composition these days, he sees himself mainly as a jazz musician. He constantly learns something new, from African or Indian music or from classical music. He practices every day from 5am, in several concentrated, one-hour long practice units. In its structure his playing is very traditional, based upon what came before ... yes, also upon Baby Dodds.
As bodas de ouro de Miles Davis com a Columbia
“Cinco CDs comemoram os 50 anos do contrato de Miles com a gravadora”
Arnaldo DeSouteiro
Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 8 de Dezembro de 2005 e publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa"
Na histórica data de 27 de outubro de 1955, após alguns ajustes na minuta preparada dois dias antes, Miles Davis, então com 29 anos, assinou seu contrato com a Columbia Records, cujos escritórios eram então localizados no número 799 da Sétima Avenida, em New York. “Eu queria deixar a Prestige porque eles não me pagavam nada – não o que eu julgava que valia”, escreveu Miles em sua autobiografia. “Haviam me contratado por uma ninharia quando eu era um viciado... Eu agradecia o que Bob Weinstock e a Prestige haviam feito por mim. Mas com o dinheiro e as oportunidades que a Columbia me oferecia, era hora de ir em frente”. O trompetista ainda devia à Prestige quatro discos. “De algum modo, George Avakian convenceu Bob a deixá-lo começar a gravar comigo dentro de seis meses, com a condição de que a Columbia não lançaria nenhuma música enquanto não acabassem as minhas obrigações contratuais com a Prestige.”
Celebrando os 50 anos daquele contrato que rendeu algumas das maiores obras-primas da história do jazz, cinco significativas reedições chegam ao mercado. Mais uma etapa do espetacular trabalho de arqueologia musical sobre a obra de Miles Davis (1926-1991), em sua fase na Columbia (atual Sony BMG), que já mereceu nada menos do que nove prêmios Grammy. Na eleição da Down Beat em 2005, tanto na votação dos críticos, em agosto, como na dos leitores, este mês, a caixa “Seven steps: the complete Columbia recordings of Miles Davis 1963-64” (abrigando 46 faixas em sete CDs) faturou o prêmio de melhor “Jazz Reissue”. Repetiu a proeza da caixa anterior, “The complete Jack Johnson sessions”, êxito completo também em matéria de vendas.
Os cinco novos relançamentos são justamente da fase documentada na caixa “Seven steps”. As fitas foram remixadas (quando encontrados os multi-tracks em três canais) e remasterizadas (em 24bits), fascinando por mostrar o trompetista num período de transição. Miles estava novamente à procura de um novo som. E de um novo grupo. Afinal, em março de 1963, a seção rítmica formada por Wynton Kelly, Paul Chambers e Jimmy Cobb, atuante em obras-primas como “Kind of blue” (1959, hoje com mais de dez milhões de cópias vendidas, e reeditado até em DualDisc já comentado neste espaço), havia debandado para transformar-se no trio de Kelly. Desde a saída de Coltrane, em abril de 60, vários saxofonistas (Hank Mobley, Sonny Stitt, Rocky Boyd, Sonny Rollins) e até o trombonista-mor do bebop, J.J. Johnson, além de Frank Rehak, haviam passado pelo grupo.
Fascinante transição
Por variadas razões, como incompatibilidade de temperamentos e agendas, mas principalmente falta de afinidades estéticas, o entrosamento total não rolava. Com temporada agendada no clube Blackhawk, em San Francisco, Miles acatou a sugestão de Coltrane para contratar George Coleman, que recomendou o pianista Harold Mabern. Por indicação de Paul Chambers, veio Ron Carter. Miles já estava de olho em Tony Williams, mas o baterista ainda estava compromissado com Jackie McLean. Então, no lugar de Cobb, entrou provisoriamente o classudo Frank Butler. No final de 1964 ele formaria seu “segundo grande quinteto”, com Herbie Hancock, Ron Carter, Tony Williams e Wayne Shorter, depois de experiências com os tenoristas George Coleman e Sam Rivers. Esse processo pode ser apreciado, na prática, através da audição dos CDs “Seven steps to heaven”, “In Europe”, “Four & more”, “In Tokyo” e “In Berlin”.
Iniciado em 16 & 17 de abril de 63, em Los Angeles, com Victor Feldman, Ron Carter, Frank Butler e George Coleman, “Seven steps to heaven” está para “ESP” assim como “In a silent way” para “Bitches brew”. Ou seja, o embrião de uma grande revolução. Esta nova versão em CD traz duas faixas-bônus não incluídas no LP original: o take de “So near, so far” gravado em LA, e o standard “Summer night” (aproveitado no controvertido LP “Quiet nights” que abalou a amizade entre Miles e seu melhor produtor, Teo Macero). A porção californiana inclui duas antiguidades inusitadas (“Basin street blues” e “Baby, won’t you please come home”), além de uma soberba interpretação da balada “I fall in love too easily” (sem sax mas muito sexy).
A paixão de Miles por Feldman (harmonicamente mais sofisticado do que Wynton Kelly, e influenciado por Bill Evans) não foi correspondida pelo pianista inglês. Estabilizado financeiramente no circuito de gravações em Hollywood, preferiu não trocar o certo pelo duvidoso, recusando o convite para ingressar oficialmente no grupo. Miles decidiu completar o disco em NY, mantendo Carter e Coleman, e finalmente trazendo Tony Williams (ainda com 17 anos!) e Hancock. Ensaiaram por dois dias na casa de Miles, que ficou ouvindo tudo sem sair de seu quarto, sem tocar uma nota sequer, limitando-se a informar que no dia seguinte, 14 de maio de 63, eles entrariam em estúdio. Curiosamente, Miles optou por regravar “Joshua”, “Seven steps to heaven” e “So near, so far”, escolhidas para o LP por serem consideradas superiores às gravações de Los Angeles. Pelo menos no caso de “So near, so far”, discordo totalmente, lembrando a emoção causada pela primeira audição do take gravado com Feldman, revelado ao mundo somente em 1981 no álbum-duplo “Directions”.
Concertos explosivos
Devido à briga com Teo Macero, a quem culpava pelo lançamento do LP “Quiet nights”, Miles passou a evitar os estúdios para não ter que se encontrar com o produtor. Para cumprir seu contrato com a Columbia, autorizou que vários shows fossem transformados em discos. O primeiro deles, gravado em 27 de julho de 63 no “Festival Mondial du Jazz Antibes”, em Juan-les-Pins, e lançado exatamente um ano mais tarde sob o título “Miles Davis in Europe”, deixou em êxtase o público francês. Com apresentação de Andre Francis como MC, liner-notes do célebre historiador Ralph J. Gleason (complementadas por um novo texto de Harvey Pekar, ex-crítico da Down Beat e hoje famoso via “American splendor”), traz impactantes versões de “Autumn leaves” (previamente gravada por Miles no LP “Somethin’ else”, de Cannonball Adderley, em 58, conta com fascinante solo de Ron Carter usando o arco), “Milestones” (que Miles voltou a tocar atendendo ao pedido de Williams, apaixonado pelo tema), “Joshua” (grande momento de Coleman, com Tony encaixando pulsação latina na bridge), “Walkin’” (a mil por hora), “All of you” (excelentes solos de piano e sax), e a bonus-track “I thought about you” (com explosivo solo de trompete sem surdina).
Segue-se um concerto ainda melhor, no Philharmonic Hall de NY (atual Avery Fisher Hall) em 12 de fevereiro de 64, originalmente dividido em dois discos: “My funny valentine” (lançado em 65) e “Four & more” (66). Nos bastidores, Davis anunciou que estava doando seu cachê (e o dos outros músicos!) para um fundo de ajuda aos direitos civis dos negros, o que deu ao evento também importância política. Detalhe: os músicos não haviam sido consultados, e entraram em cena espumando. “Quando caminhamos para o palco, todos iam putos da vida uns com os outros, e eu acho que essa raiva criou um fogo, uma tensão que entrou na música, e talvez tenha sido um dos motivos por que tocaram com tanta intensidade”, comenta Miles em sua autobiografia.
“Nós arrasamos naquela noite, era grande a tensão criativa. Muitas das músicas eram sincopadas, mas ninguém atravessou, nem uma vez. George Coleman tocou melhor do que eu jamais o ouvira tocar”. “Four & more” começa com “So what” (estimulada pelas chicotadas de Tony no prato de condução), seguindo-se “Walkin’” (outro solo modelar de Williams, calcado nas variações no bumbo), “Joshua” (sempre um momento de “bravura” musical para o baterista), “Go-go”, “Four” (abrigando notável diálogo entre Miles e Tony no esquema de troca de oito compassos), “Seven steps to heaven” (o quinteto parece levantar vôo!), e “There is no greater love” (Davis usa a surdina) levando a platéia ao êxtase.
Igual ou maior delírio nota-se no CD “In Tokyo”, primeiro show de Miles no Japão, no Kohseinenkin Hall, na noite de 14 de julho de 64. Também é evidente que Davis mandou Tony Williams “pegar leve”, para não assustar o público japonês. Demonstrando sua deferência aos jazzófilos nipônicos, não saiu do palco durante os solos dos outros músicos, obrigados a trajar smoking. Após a “chamada” do MC Teruo Isono, o público uiva de prazer ao ouvir o piano de Hancock na introdução de “If I were a Bell”, e suspira quando Miles acaricia “My funny valentine” de forma respeitosa, citando a intro de “I’ve got a crush on you” no final de seu primeiro “chorus”. Os solos prosseguem bem-comportados – até mesmo por parte do vanguardista Sam Rivers, substituto de Coleman – em “So what”, “Walkin’” e “All of you”. Detalhe: o show veio a ser lançado em LP somente cinco anos depois, e apenas no Japão! Takao Ogawa, que estava na platéia, assina as liner-notes.
“In Berlin” registra o primeiro concerto gravado (originalmente para uma transmissão radiofônica) com Wayne Shorter assumindo o posto de tenorista. Nascia, então, o quinteto que viria a estabelecer um novo patamar na carreira de Miles – e na história do jazz de um modo geral, redefinindo conceitos de textura, dinâmica e improvisação coletiva. Neste show, em 25 de setembro de 64, lançado em 69 na Alemanha, temas como “Milestones”, “Autumn leaves”, “So what” (Shorter mostrando seu fraseado oblíquo, Hancock respondendo com um solo cheio de dissonâncias), uma versão inédita de “Stella by starlight” e “Walkin’” adquirem nova dimensão, compensando a deficiente qualidade do som mono. Shorter logo começaria a compor especialmente para o grupo, tornando-se peça-chave em uma das melhores fases da multifacetada carreira de Miles – a mais dinâmica, revolucionária e obsessivamente criativa que o jazz conheceu.
Legendas:
“Shows na França e na Alemanha deixam as platéias em êxtase”
“A primeira e a última página de um precioso documento: o contrato de Miles com a Columbia”
Honoring Miles, once again!
Chicago Jazz Archive
"Sister Bossa Vol.7"
Havana Carbo e Lou Lanza brilham em novos CDs
Havana Carbo e Lou Lanza brilham em novos CDs
Arnaldo DeSouteiro
Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 01 de Dezembro de 2005 e publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa"
Em meio a tantos pastiches e armações de Jamies e Madeleines, devem ser recebidos com missa de ação de graças os novos trabalhos de Havana Carbo e Lou Lanza. De gerações distintas, abençoados com vozes privilegiadas, têm em comum não apenas a qualidade interpretativa e a originalidade de seus estilos, mas também um apurado e incorruptível senso estético que privilegia a beleza no seu sentido mais literal, em um tempo pautado pela inversão de valores. Transcendendo rótulos e estilos, mostram salutar ousadia criativa, ungindo-nos com um bálsamo sonoro multi-dimensional.
Desde “Street cries”, gravado em 1990 para o selo italiano Soul Note, Havana Carbo conquistou um cult-following que sabe estar diante de uma artista singular, dona de timbre incomparável, personalíssimo. O charme, a sutileza e a sofisticação que fizeram de “So I’ll dream you again” (1997) um dos meus “desert island discs”, aparecem novamente neste segundo CD para o selo CAP, “Luna de varadero” (43m42s). A diferença está na instrumentação: enquanto, no álbum anterior, flautas, sax, trompete, guitarra e a percussão do brasileiro Valtinho complementavam o grupo de base, o novo disco alicerça-se somente no excelente trio formado por Dario Eskenazi (pianista argentino, da nobre linhagem de Bill Evans), Nilson Matta (baixista brasileiro radicado em NY há quase vinte anos, com quem tive a honra de trabalhar no CD “The Bonfá Magic”, de Luiz Bonfá, em 1991) e o baterista Vince Cherico (do grupo de Ray Barretto).
Não se trata de um trio acompanhando uma cantora, mas de um quarteto com destaque para uma voz “lovely, warm and intimate”, na síntese perfeita de Ira Gitler, o maior historiador de jazz na atualidade. A cubana Havana, que cresceu e ainda hoje reside em NY, respira junto com os demais músicos. Sensação reforçada pela mixagem, que coloca todos no mesmo plano, optando por um som amplo, quente, “antigo” (no bom sentido), sem compressão, privilegiando a transparência de todas as freqüências e deixando a bateria soar realmente “acústica”. Os arranjos, em sua maioria assinados por Eskenazi (ouvido com Mongo Santamaría, Paquito D’Rivera e o Caribbean Jazz Project), são bem estruturados e funcionais. Para quem não dispensa comparações, Havana poderia ser colocada em patamar similar ao de Helen Merrill (mas com maior carga de sensualidade) e Shirley Horn (sem sofreguidão).
Performances sublimes
Ao longo das 13 faixas deste álbum sublime, Gladys Havana Carbo faz do ouvinte seu cúmplice, acariciando sua alma, convidando-o para aconchegar-se através do antológico “Acércate más”, de Oswaldo Farrés. Popularizado nos EUA por Nat King Cole, raramente recriado por jazzistas (Zoot Sims nos presenteou com uma bela interpretação sob o título de “Come closer to me”), reaparece aqui em luxuosa levada de bossa-bolero. A carga de sensualidade aumenta ainda mais em “No me platiques más”, do mexicano Vicente Garrido. Mrs. Carbo segue deslizando por “Moon and sand”, de Alec Wilder, que ganhou novos fãs após a gravação de Chet Baker na trilha de “Let’s get lost”. Por falar em Chet, outro tema emocionante, “The wind”, escrito por seu pianista Russ Freeman e regravado por, pasmem!, Mariah Carey, ganha nova dimensão na voz de Havana. O batera Vince Cherico contribui para o efeito hipnótico, usando “mallets” até o início do solo de Eskenazi.
No standard “I fall in love too easily” (tema da dupla Jule Styne-Sammy Cahn para o filme da MGM “Anchors Aweigh”), Havana dá conta do recado em 2m49s, com espaço ainda para um solo de Nilson Matta. Na faixa-título, “Luna de varadero”, de Bobby Collazo, Vince troca a bateria pelo bongô. O clima torna-se ainda mais intimista nos duos de voz & piano em “Aquellas pequeñas cosas”, do espanhol Joan Manuel Serrat, e “Atrás da porta”, de Francis Hime & Chico Buarque. Outra música brasileira no repertório, também com arranjo de Nilson, “Bonita” é cantada como uma “bossa up-tempo” com a letra em inglês de Ray Gilbert para a jóia lançada por Jobim em seu “The Wonderful World”, com arranjo de Nelson Riddle em 65. O pianista Eskenazi realiza um de seus melhores solos, aliando o lirismo de Bill Evans ao balanço econômico de Tom, citando “O barquinho” durante a tag, enquanto Vince usa as vassouras com a costumeira categoria.
Carbo, cuja intimidade com a bossa nova vem desde o tempo em que atuava com o batera Edison Machado, retorna às baladas emendando “I wish I knew” (com delicadeza comparável ao tratamento de Keith Jarrett) à “In the wee small hours of the morning” (imortalizada por Sinatra), antes de mostrar sua face autoral na valsa “Paris”, aberta pelo assobio de Eskenazi, e de letra nostálgica, inspirada em um verão de passeios por Montmartre. No boleraço cubano “Contigo en la distancia”, de Cesar Portillo de la Luz (o mesmo de “Tu, mi delirio” gravado por Astrud e pelo Azymuth), sucesso de Lucho Gatica, Olga Gullot e, agora, Christina Aguilera, Carbo chega ao ponto máximo de emoção à flor da pele. Tema de encerramento, “No dejes que te olvide” (Ignacio Villa), remete às noitadas de seu principal intérprete, o lendário Bola de Nieve, no clube Tropicana, de Havana, cantando as dores de amor sem desespero nem melodrama. Fecho ideal para um disco perfeito, apaixonado e apaixonante.
Ousadas recriações
Mark Murphy, Tony Bennett, Michael Leonard, Allan Harris, Bill Watrous e o saudoso Henry Mancini estão entre os maiores incentivadores da carreira de Lou Lanza. Ainda um cult-singer, por conta da limitada distribuição de seus primeiros discos – os notáveis “The road not taken” (95), “Corner pocket” (97) e “Shadows and echoes” (98) –, Lou, natural da Phildelphia onde seu pai é violonista da famosa orquestra local regida durante muitos anos por Eugene Ormandy, lançou um álbum que tem tudo para ser um divisor de águas em sua carreira. Projeto que consumiu quatro anos de trabalho, “Opening Doors – a jazz tribute to the Doors” (53m09s), distribuído via Cexton Records, representa a realização de várias proezas. A maior delas, claro, explicitada no título, de jazzificar o “book” de uma das melhores bandas de rock de todos os tempos.
Árdua e arriscada missão, ao contrário de tantas recentes favas-contadas como a série do Great American Songbook gravada por Rod Stewart, dentro do padrão que os americanos chamam de “tried and tested formulas”. Com ousadia e determinação, Lanza, 35 anos, definido pelo renomado crítico Alex Henderson, do All Music Guide, como um cantor que une o melhor de Mel Tormé, Mark Murphy e Jon Hendricks, além do charme de Chet Baker em sua fase juvenil, aventura-se por um território cheio de perigos. Para felicidade geral, escapa lépido e fagueiro, conseguindo o milagre de reler, de forma altamente criativa e sem maluquices deturpadoras, a obra de Jim Morrison e seus comparsas Ray Manzarek, Robbie Krieger e John Desmonre, que compuseram, juntos, a grande maioria do repertório do quarteto.
Os dez temas selecionados por Lou tiveram arranjos dele próprio, com o guitarrista Rob Budesa cuidando dos charts para os metais empregados em “Love me two times” e “Wintertime love”. Um dos pontos altos, “Break on through”, aparece em duas versões diferentes: uma calcada no órgão Hammond (com o “baixo” executado nos pedais, mais guitarra, bateria e o sax tenor de Ron Kerber) e outra no piano Fender Rhodes, com baixo elétrico, guitarra, bateria, sax e trompete. Ambos os teclados pilotados, neste tema, por Dan Zank, irrepreensivelmente fumegante ao longo do CD. Lou usa a introdução de “Manteca”, de Dizzy Gillespie, como ponto de partida para a sua bem-sucedida reinvenção, e segue barbarizando de forma destemida, assessorado por jovens músicos de grande potencial, livres de purismos ou outros frescuras.
Na verdade, bastariam “Break on through” e a faixa inicial, “Riders on the storm”, levada em 5/4 com precisa contribuição de John Swana no trompete com surdina, para fazer deste álbum um item indispensável para qualquer jazzófilo que se preze – id est, que não esteja servindo de “massa de manobra” para mentirosos compulsivos. E as duas também seriam suficientes deixar patente a inventividade de Lanza, cujo mergulho em “Light my fire”, batido mega-hit do LP de estréia “The Dors”, em 67, equivale a tirar leite de pedra. Atiçado desde a intro pelo trompete de Swana, Lanza apronta impecável scat sobre o groove mortal do batera Byron Landham, que tem direito a seu momento de solo.
“Hello, I love you” vem recheada por inesperadas alternâncias de andamento, com guitarra distorcida e improviso de Orrin Evans no Hammond. “Touch me” transcorre influenciada pelas harmonias do Steely Dan. Percussão, soprano, Rhodes e baixo acústico fornecem, em “Wintertime love”, a moldura exata para a faceta baladista do cantor, lânguido no “Roadhouse blues” e de fraseado cortante em “Spanish caravan”, aberta por violão espanholado e picotada pela guitarra com pedal wah-wah. A bateria endiabrada de Lou Jordan puxa “Love me two times”, com solo (Bensoniano) de Rob Budesa, e Dan Zank no órgão a la Jimmy McGriff. Completando a tarefa hercúlea, “People are strange”, balizada pelo inefável charme do Rhodes, começa como balada e evolui para saboroso mid-tempo, com novo scat irretocável de Lanza. Muito superior a Kurt Elling, Michael Bublé, Peter Cincotti e Jamie Cullum, já se encontra, apesar da diferença de idade, no mesmo nível de expressividade de Mark Murphy, Al Jarreau e Andy Bey. E talvez o problema esteja justamente aí: tanto Havana Carbo como Lou Lanza situam-se em um patamar muito acima da mediocridade reinante no mercado. Haverá solução?
Legendas:
1. “Havana Carbo une jazz e bolero em um disco apaixonante”
2. “Lou Lanza apresenta jazzificada releitura de hits do grupo The Doors”
R.I.P.: Nukhet Ruacan
Third Stream revived
O som inconfundível de Tommy Dorsey
Lançamentos celebram o centenário do band-leader
Arnaldo DeSouteiro
Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 16 de Novembro de 2005 e publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa"
Glenn Miller, apesar das limitações como trombonista e arranjador, era o mais carismático dos band-leaders. Benny Goodman e Artie Shaw, geniais clarinetistas, os maiores virtuoses. Mas, na opinião de alguns historiadores, Tommy Dorsey entrou para a história como o líder obsessivamente perfeccionista da mais precisa orquestra da era do swing. Um tempo – o único, aliás – em que o jazz se tornou sinônimo de música popular americana. Mais do que isso, passou a ser “a” música pop americana, com seus expoentes transformados em celebridades de longa duração, adorados por platéias imensas que se esbaldavam em “dance-halls”.
Jazz “comercial” (porque os discos vendiam facilmente milhares de cópias), dançante, divertido e feliz. Tudo que os fascistas tradicionalistas mal-amados abominam, chafurdados em sua eterna frustração de sub-seres, lutando para fazer do jazz uma música “séria”, de museu, de clubinho de estelionatários, acessível somente a pessoas supostamente “exigentes”, impossível de ser apreciada por “amadores” fora da pseud-elite, revelando total falta de auto-crítica para perceber quem são os verdadeiros “bicões”.
Para celebrar hoje, dia 19, o centenário de Tommy Dorsey, dois significativos lançamentos foram preparados pelo selo Bluebird/Legacy, da Sony-BMG. A caixa “The sentimental gentleman of swing – Centennial collection” abriga, em três CDs, nada menos que 68 faixas compiladas de diversos selos no período 1925-1956. Enquanto isso, no CD-duplo “The essential Frank Sinatra with the Tommy Dorsey Orchestra”, 44 faixas documentam a evolução do cantor após trocar a big-band de Harry James pela de Dorsey, transformando-se no crooner mais famoso daquela época, e moldando seu fraseado (e também sua personalidade) sob a forte influência do chefe. Afinal, Sinatra nunca escondeu que aprendeu a frasear estudando as performances de Tommy, trombonista de som aveludado e deslizante.
Rumo ao estrelato
A luxuosa caixa, em formato longbox, revê a trajetória de Dorsey rumo ao estrelato, incluindo excelentes textos dos experts Peter Levinson e Richard Sudhalter, além de uma afirmação polêmica extraída do livro “The big bands”, do historiador George T. Simon, colocando a orquestra de Tommy como “the greatest dance band of them all”. Há também fotos raras do astro ao lado de Louis Armstrong, Gene Krupa, Coleman Hawkins, Glenn Miller, Elvis Presley, e muitos de seus músicos e vocalistas. Mais importante é a excelente ficha técnica, com informação detalhada, faixa por faixa, sobre datas de gravação, instrumentistas, arranjadores, selos originais e os números das matrizes.
Autor das biografias de Harry James, Nelson Riddle e Tommy Dorsey (“Livin’ in a great big way”, editada por Da Capo Press), o escritor Peter J. Levinson aponta a combinação de perfeccionismo e disciplina como os ingredientes básicos para o sucesso de Tommy. Disciplina férrea, deve-se frisar, pois era obcecado em tirar o melhor som de cada instrumentista, de cada naipe, buscava os mais elevados níveis de excelência musical para estabelece-los como parâmetros para sua própria evolução. Associada a um temperamento de tolerância zero em relação a mediocridade, gerou um coquetel explosivo, não raro levando a constantes agressões verbais (e algumas vezes até físicas) aos sidemen.
“Sinatra tinha profundo respeito por Dorsey”, observa Levinson. “A compaixão e a autoridade que dele emanavam levaram o jovem cantor a vê-lo como figura paterna e herói”. Lembra ainda uma declaração do clarinetista Buddy DeFranco, segundo a qual também o baterista Buddy Rich teve sua personalidade fortemente influenciada por Tommy. Analisando o talento do líder como trombonista, afirma que Dorsey tinha consciência de que jamais chegaria aos pés de seu ídolo Jack Teagarden, em termos de originalidade e performance jazzística. Porém, em compensação, ninguém jamais conseguiu superar as fascinantes passagens “em legato” de seu trombone aveludado. “Ele sabia acariciar uma melodia”, conclui.
No texto de Richard Sudhalter são tratadas questões mais técnicas, comparando os desempenhos melódicos e tecnicamente irrepreensíveis no trombone com as atuações crepitantes e mais arrojadas no trompete, instrumento adotado em seu início de carreira. E também as diferenças de temperamento com seu irmão, dois anos mais velho, o saxofonista Jimmy Dorsey, com quem Tommy co-liderou uma orquestra em diferentes momentos. Sempre terminando a associação com grandes brigas.
Caixa luxuosa
O produtor Michael Brooks optou por dividir a caixa em três CDs. O primeiro, “The sideman”, com 25 faixas (restauradas de discos 78 rotações por Harry Coster) mostra Tommy desde 1925, como integrante (ora como trombonista, ora como trompetista, às vezes usando os dois instrumentos em uma mesma gravação, como acontece em “Bugle call rag”) das orquestras lideradas por Ed Kirkeby, Sam Lenin (com Jimmy no clarinete e no sax-alto), Paul Whiteman, Harold Lem, Ed Lang e outros menos votados. Uma das raridades é o encontro de Tommy com seu ídolo Jack Teagarden em antológica gravação de “Cherry”, em 1928, com um grupo de all-stars batizado The Big Aces, do qual fazia parte o próprio autor do tema, o clarinetista/saxofonista/arranjador Don Redman.
Tommy aparece unicamente como trompetista, num registro-solo de “It’s right here for you”, liderando um quinteto. Duas faixas trazem a Dosey Brothers Orchestra: “My melancholy baby” (vocal de Seger Ellis) e “Mean to me” (com arranjo e trombone de Glenn Miller). Tem também TD acompanhando de Ethel Waters (Benny Goodman no clarinete!) a Bing Crosby (“How deep is the ocean?”), passando por Mildred Bailey, as Boswell Sisters e, pasmem, o compositor Hoagy Carmichael atacando de cantor e líder de orquestra em “Moon country”, registro de 1934 com Joe Venuti no violino e Red Norvo no xilofone.
O segundo CD, “The leader”, começa, claro, com o maior hit de Tommy, “I’m gettin’ sentimental over you”, na histórica data de 18 de outubro de 1936. Seguem-se pepitas tipo “Marie”, “Head over heals in love”, “Song of Índia”, “Stop, look and listen” (novamente Glenn Miller como arranjador), um sublime “Imagination” com Sinatra (em 1940), dois petardos compostos e orquestrados por Sy Oliver (“Opus #1”, com a bateria fumegante de Buddy Rich, e “Yes, indeed!”, onde Sy surpreende ao dividir o vocal com Jo Stafford), uma impecável leitura de “On the sunny side of the street” (Nelson Riddle no naipe de trombones) e “Pussy willow” (Louie Bellson na bateria e Jimmy Rowles ao piano). Como curiosidades, três faixas gravadas com um combo chamado Tommy Dorsey & His Clambake Seven, e dois encontros com Duke Ellington em 14 de maio de 1945. “Tonight I shall sleep” traz Tommy como solista da orquestra de Duke, enquanto “The minor goes muggin’” tem Ellington, ao piano, acompanhado pela banda de Dorsey.
No terceiro CD, “The air checks”, preciosas transmissões radiofônicas realizadas a partir de 1939, trazendo as performances mais vigorosas da coleção. No auge, a orquestra supera-se em faixas como “Easy does it”, “I could make you care”, “Stardust” (Sinatra e os Pied Pipers no vocal), adaptações de obras clássicas de Liszt (“Liebestraum”) e Dvorak (“Going home”, baseado no famoso movimento lento da “Sinfonia do novo mundo” composta em 1893, tema que muitos julgam ser um spiritual), “Our love affair”, “East of the sun” (direto do Roof Garden, do Hotel Astor, em NY), “Take the A train” (Ellington ao piano), e “The song is you” (em 3 de setembro de 1942, precedida por declaração de Sinatra, se despedindo da orquestra e dando boas vindas a seu sucessor, Dick Haymes). Na última faixa, a surpresa final, com Elvis Presley cantando “Heartbreak hotel” em 1956, no “Stage show”, programa semanal de TV comandado pelos irmãos Dorsey.
Total simbiose
Quem optar pelo CD-duplo “The essential...”, terá à sua disposição 44 jóias da colaboração Sinatra-Dorsey. Compilado por um trinca de experts (o produtor Didier Deutsch, o engenheiro de som Mark Wilder e o historiador Charles Granata), vai da linda balada “I’ll be seeing you” (26 de fevereiro de 1940) a “Light a candle in the chapel” (2 de julho de 1942). Os arranjos são assinados pelos craques Paul Weston, Alex Stordhal (que seria “roubado” de Dorsey por Sinatra no início de sua carreira-solo na Columbia), Sy Oliver e, somente na pungente “Violtes for your furs”, Heinie Beau. Há emocionado texto de Nancy Sinatra sobre a relação do pai com Tommy, seguido por ótimo ensaio de Granata, autor do premiado livro “Sessions with Sinatra: FS and the art of recording”. Charles chama atenção especial para a faixa “Say it”, na qual Frank e Tommy fraseiam da mesma maneira, comprovando a simbiose entre eles.
Outros destaques do cardápio: “I’ll never smile again”, “This look of mine”, “Oh! Look at me now” (estas três escritas especialmente e sob medida para The Voice), “Without a song”, “Everything happnes to me”, “How about you?” e “Blue skies”. Precisa dizer mais?
Legendas:
“Caixa luxuosa traz gravações famosas e raridades, como o encontro com Elvis Presley”
“A simbiose de Sinatra e Dorsey está documentada neste CD-duplo”.
Elliott Sharp with the Hessen Radio Symphony
Ahmad Jamal, Betty Carter e Horace Silver em DVDs
“Shows de Ahmad Jamal, Betty Carter e Horace Silver estão entre os destaques”
Arnaldo DeSouteiro
Artigo escrito por Arnaldo DeSouteiro em 03 de Novembro de 2005 e publicado originalmente no jornal "Tribuna da Imprensa"
Embora o mercado de DVDs esteja em franca expansão no Brasil, os lançamentos jazzísticos ainda aparecem em número insignificante, especialmente em comparação com a quantidade de títulos no mercado internacional. Em compensação, a facilidade de aquisição através das lojas virtuais (Tower, Amazon, Barnes and Noble, Dusty Groove, HMV e Fnac, entre outras) tem estimulado o consumidor a ceder à tentação da importação. Como de costume, na mais nova safra de interesse para os jazzófilos, os shows relativamente recentes (como a soberba apresentação de Ahmad Jamal no Baalbeck Festival, em 2003) são minoria, prevalecendo a redescoberta de material gravado em décadas anteriores. Há excelentes concertos inéditos de Betty Carter (em Montreal), Bob James (Montreux), Horace Silver (Úmbria) e Chick Corea (Iowa), e decepcionantes performances de Joe Zawinul (Munique) e do trio Al DiMeola/Jean-Luc Ponty/Stanley Clarke (Montreux).
Sutileza e refinamento
Em matéria de sutileza, nada supera a concepção incomparável de Ahmad Jamal, no auge do auge em “Live in Baalbeck” (Dreyfus), juntando os melhores momentos de shows realizados no Baalbeck Festival em 18 e 19 de julho de 2003, em um cenário (os templos romanos em Beeka Valley) tão maravilhoso quanto o conteúdo da performance. Exibindo seu cada vez mais refinado ultrapessoal conceito de espaço, que tanto fascinou Miles Davis desde os anos 50, Ahmad interage de forma telepática com o jovem baixista James Cammack e o veterano batera Idris Muhammad. Curiosamente, o piano aparece posicionado no lado direito do palco (contrariando a “convenção” internacional), com o contrabaixo no centro e a bateria à esquerda. No cardápio, equilíbrio perfeito entre “originals” do estilista Jamal (“Island fever”, “The devil’s in my den”, “Topsy turvy”, a fantástica “Acorn”) e standards recriados de forma inigualável (destaque para “Young and foolish” e “Spring is here”). Além, claro, de seu maior hit, “Poinciana”. Nos “extras”, entrevistas com Jamal e Camaack (uma pena que, sabe-se lá porque, dispensaram Muhammad, outra figuraça) e um documentário sobre a viagem a Baalbeck, situada a 89km de Beirute, a capital do Líbano. Ah, o DVD foi formatado em dois sistemas: PAL (no lado A) e NTSC (lado B).
Formando uma dupla perfeita com o recital de Jamal, “Live in Montreal” (Universal) disponibiliza outro show (58 minutos) de grande refinamento, a cargo de Betty Carter na edição de 1982 do festival canadense. Comandando afiadíssimo trio com Khalid Moss (piano), Curtis Lundy (contrabaixo, autor do instrumental de abertura, “Jabbo’s revenge”) e Lewis Nash (bateria), a saudosa Betty dá sucessivas aulas de divisão. Reinventa, de forma pungente, baladas como “What’s new”, “Goodbye” e “Everytime we say goodbye”, mostrando seu peculiar fraseado também nas deliciosas “What a little moonlight can do” e “My favourite things”, e em arrojadas composições próprias (“With no words” e “Tight”, veículos para seu peculiar estilo de scat-singing). A platéia volta a ficar boquiaberta em “Social call”, tema de Gigi Gryce letrado pelo papa do vocalese, “Jon Hendricks.
Surpresas em Montreux
Dois títulos filmados no badalado Montreux Festival, fundado na bucólica cidade suiça por Claude Nobs em 1967, contrariam as expectativas. “Bob James live at Montreux” (Koch), captado em 17 de julho de 1985, tinha tudo para ser mais um item dispensável na videografia do tecladista e arranjador que ajudou a moldar o som da CTI nos anos 70. A despeito dos eficientes desempenhos em estúdio, as raras performances ao vivo de Bob costumam ser monótonas e decepcionantes. Por um motivo básico: a ausência de seu principal “instrumento”, a orquestra. Até agora, ao reduzir seus arranjos para pequenas formações, ele caía sempre de rendimento, como atestado pelos pífios shows anteriormente lançados em LaserDisc. Porém, naquela noitada em Montreux, Bob botou para quebrar, revezando entre o piano acústico e um autêntico Fender Rhodes.
BJ arrasa liderando energizado quinteto com os excelentes Gary King (baixo elétrico), Harvey Mason (bateria), Dean Brown (guitarra), mais Kirk Whalum (versátil saxofonista que peca apenas pela postura exibicionista) e Dennis Henderson, competente percussionista na linha de Leon Doc Gibbs, a ponto de ser chamado de “Mini-Doc” no texto do livreto (assinado por Quinton Scott) repleto de erros. Musicalmente, tudo funciona às mil maravilhas, com versões incendiárias de “Touchdown”, “Night crawler” e uma longa versão (18 minutos!) para “Westchester lady”, clássico do funk-fusion lançado no LP “Three” em 1976. O fenomenal Gary King, falecido em 2003, rouba a cena com alucinante desempenho, encaixando até “Lucille” ao atacar de cantor no meio de um solo que leva o público ao delírio. Bob se dá ao luxo de nem tocar “Feel like making love”, encerrando o show com a melosa “Angela”. No primeiro bis, volta sozinho na bela “Winding river”. Após nova ovação, retorna com a banda juntando “Spunky” e “Westchester lady”.
Decepção quase completa, o encontro entre Al DiMeola (violão), Jean-Luc Ponty (violino) e Stanley Clarke (contrabaixo), em 4 de julho de 1994 – DVD lançado no Brasil pela ST2 – acontece de forma apática, gélida, e a platéia reage da mesma forma, em situação constrangedora. Os três vituoses, expoentes do jazz-fusion, se perdem em uma sucessão de performances tecnicamente irrepreensíveis, mas com mínima dose de emoção. Como era o primeiro show que realizavam juntos, ainda estavam pouco entrosados e nada à vontade no palco, presos às partituras. Tocam, burocraticamente, algumas músicas (“Chilean pipe song”, “Memory canyon”, “La cancion de Sofia”) que viriam a fazer parte do álbum “Rite of strings”, lançado no ano seguinte com rendimentos muito superiores. Após os números-solo – Clarke anima um pouco a galera com o riff de “School days”, Ponty mostra seu lirismo em “Eulogy to Oscar Romero” – o clima melhora um pouco, rendendo uma boa releitura de “Renaissance”, do célebre LP “Aurora”, que consagrou JLP em 1976. Ironicamente, o melhor (e mais aplaudido) momento do show de 1h40m acaba sendo a reprise da música “Song to John”, graças à canja salvadora de Monty Alexander, em notável solo apesar de limitado a um chinfrim tecladinho Clavionova PF, de timbre irritante, empurrado às pressas para o palco.
Azes do teclado
Mergulhando nos anos 80, temos o austríaco Joseph Zawinul em uma das primeiras formações do Zawinul Syndicate, após o fim do Weather Report e da curtíssima existência do Weather Update, de vida abreviada por questões judiciais. O DVD (de 68 minutos) lançado pela TDK e filmado no Munich Philharmonic Hall, em 1989, traz Gerald Veasley (baixo elétrico), Cornell Rochester (baterista que tem o desagradável hábito de mascar chiclete durante os shows), Scott Henderson (primeiro guitarrista da Elektric Band de Chick Corea), Bill Summers (percussionista famoso por integrar os Headhunters de Herbie Hancock) e os vocalistas Carl Anderson (aposta furada da GRP) e Leata Galloway, morena responsável pelo melhor momento da noite: curta e certeira recriação da sublime balada “Solitude”, composta por Duke Ellington com letra de Irving Mills e Eddie DeLange em 1934. Outra antiguidade, “Little rootie tootie”, de Thelonious Monk, destaca-se entre as instrumentais. Cinco temas pouco inspirados de Zawinul completam o show, que se encerra com a influência brasileira de “Carnavalito”.
“Chick Corea & Elektric Band live at the Maintenance Shop”, da Iowa State University, capta o embrião do que viria a ser um dos conjuntos de maior sucesso naquela década. Na verdade, o título correto seria Elektric Trio, pois a Elektric Band nasceria somente meses depois com a entrada do guitarrista Scott Henderson, mais tarde substituído por Frank Gambale. Neste DVD do selo inglês Quantum Leap, a deficiente qualidade técnica de som (mono! Igual aos dos vídeos de Bill Evans no mesmo local) e imagem é compensada pelos impactantes desempenhos de John Patitucci (baixo elétrico), Dave Weckl (bateria) e, claro, do líder que se esbalda num arsenal de sintetizadores digitais e analógicos, tendo o piano elétrico Rhodes (stage model 73) como nave-mãe. Sem dispensar um teclado Yamaha portátil. Em um set demolidor de 48 minutos, os rapazes descem o sarrafo em instigantes temas do aplicado discípulo da cientologia (mais conhecida no Brasil como dianética): “Sidewalk”, “King Covkroach”, “Índia town” e “Rumble”, além de uma releitura da clássica “Malagueña” (da Suíte Española for solo piano – Andalucia), criação do cubano Ernesto Lecuona safra 1928, que depois seria reciclada por Chick em um tema próprio batizado “Spanish way”.
Voltando um pouco mais no tempo, uma preciosidade ainda maior: “Horace Silver Quintet live at Umbria Jazz Festival” (TDK), de 20 de julho de 1976. Naquela ocasião, o grupo do genial Horacio Tavares Silva contava com o hoje esquecido Steve Beskronne (baixo elétrico), Eddie Gladden (baterista desencarnado em 2003 após ganhar popularidade no quarteto de Dexter Gordon), e dois então promissores garotos: o trompetista Tom Harrell e o tenorista Bob Berg, precocemente falecido em 2002. Em 50 minutos de show, ao ar livre em Orvieto, quatro longas e densas obras do líder: o hard-bop “Adjustement”, a belíssima valsa “Barbara”, “In pursuit of the 27th man” (inspirada na numerologia e baseada em uma escala musical japonesa, conforme explica à platéia), e o resplandecente funky “Song for my father”, nascido após uma viagem ao Brasil nos anos 60. Ao mestre, todas as merecidas honras.
Legendas:
“Ahmad Jamal esbanja categoria e refinamento em show no Líbano”
“Bob James, autor da pintura usada na capa do DVD, leva ao delírio a platéia de Montreux”
“Betty Carter: aulas de fraseado e divisão no Festival de Montreal”