Wednesday, May 30, 2007

Pescara ao vivo em SP e na Cover Baixo



Notícias do Brasil: nesta sexta feira, 1º de Junho, às 20:00hs, na Faculdade e Conservatorio Souza Lima (Rua José Maria Lisboa, 745 - São Paulo), workshop com o baixista Jorge Pescara, que também apresentará músicas do álbum "Grooves in the Temple", produzido por Arnaldo DeSouteiro para a JSR. Evento gratuito, mas é necessário retirar convites com antecedência.

By the way, Pescara é destaque na edição de Maio de 2007 na revista Cover Baixo (nº 56), em reportagem de quatro páginas ("O Mundo É O Limite") assinada por Denis Moreira e Elea Cassettari, com a seguinte chamada de capa: "Jorge Pescara: o sucesso no exterior do incansável pesquisador de timbres".
A seguir, parte da entrevista:

1 – Como o pessoal da Bajista chegou até o seu trabalho? Quando e como foi realizada a entrevista? Pelo contato que você teve com o pessoal da revista, como os baixistas brasileiros são vistos no mercado europeu e, em particular, na Espanha?

Foi através do meu intenso trabalho no exterior, graças à JSR e ao Arnaldo DeSouteiro, meu produtor, que tem por bom costume cuidar da carreira de cada um de seus pupilos como se fossemos seus filhos... (risos). São conselhos, ensinamentos e um excelente trabalho de divulgação. Com isto consegui várias gravações de discos que são feitos para o mercado exterior. Quando meu disco solo saiu, a VoicePrint UK distribuiu pela Europa. Dai o passo seguinte foi o Guillermo Cides (do Stick Center e da Bajista magazine) ouvir o trabalho e me convidar para uma entrevista, no fina do ano passado. Olha, pra ser sincero pelo o que o Guillermo me falou, eles pouco sabem sobre os baixistas brasileiros em si, a não um ou outro como Luizão Maia, Sizão Machado e Nico Assumpção, mas a música brasileira é muito bem vista por la. Mesmo porque, para o europeu, assim como para os asiáticos e americanos, não adianta você ir lá tocar e vir embora. Tem que ter um registro definitivo. Um disco, ou vários. e disco de gravadora, senão não entra em resenhas, criticas, lojas, etc. Mas sei que meu caso é específico e é muito difícil um baixista gravar um cd e conseguir uma gravadora por tras para bancar, distribuir e divulgar... Realmente é um círculo fechado que precisa ser vencido com muito esforço e paciência!

2 – A que você atribui a honra de ter sido escolhido para ilustrar a capa de uma revista tão importante? Até o momento, como foi a recepção que você obteve do público espanhol? Quais as músicas suas que entraram no CD distribuído pela revista?

A principio eu nem sabia que seria capa. Não fui avisado disto, mas meu trabalho foi tão bem aceito (segundo Guillermo), que os próprios editores resolveram me ceder a capa. Mas não foi só isso! A entrevista inteira tem seis páginas, com uma foto enorme de duas páginas no início, chamada no editorial com elogios, chamada de índice com foto grande e inserção de varias músicas minhas no Cd que vem encartado na edição. As músicas escolhidas foram Funchal, Power of Soul, Kashmir, Black Widow, Comin' Home Baby e The Great Emperor of Bass porque foram citadas e comentadas na entrevista. Tudo isto saiu na edição nº26 de Dezembro passado. A recepção tem sido fantástica, mesmo porquê quando esta revista estiver nas bancas eu estarei na metade de um giro que farei por Portugal e Espanha em workshops da Selenium e da Elixir aproveitando esta midia toda!

3 – Seu mais recente CD, Grooves in the Temple, recebeu excelentes comentários de revistas prestigiadas de todo o mundo, como a Cadense magazine, a Jazz Hot da França e a Down Beat. Você pensa em seguir carreira fixa fora do Brasil? Quando vai lançar um próximo trabalho solo? Já tem idéia de como será o disco?

Mas minha carreira já é fora do Brasil! (risos) Veja: meu disco foi distribuído em mais de 15 países entre Europa e Ásia, além de chegar como importado no USA. Tive várias criticas positivas em sites, jornais e revistas, além de entrevistas e músicas tocadas em rádios de jazz de vários países. Com tudo isto posso afirmar categoricamente que: a sonoridade que obtive no disco foi propositalmente adquirida para os ouvidos do primeiro mundo. Claro, que eu sou aquele disco! meu som é aquele, e eu sou assim. Por isso a verdade sonora! O Brasil é que ainda vive preso à paradigmas e padrões pré-concebidos... triste, muito triste!
Meu próximo disco será lançado tão logo terminemos os trabalhos. Mas nada de pressa. Quero fazer um disco com cuidado, com muita perseverança e critério. Sem desespero. Não quero quantidade de discos... quero "O Disco!" Já gravei mais da metade dele, mas ainda estamos trabalhando, então, prefiro dividir o que já existe, aquele que já está pronto e pode ser dividido com os outros! (risos)

4 – Você é um pesquisador incansável de sonoridades e equipamentos. Quais experimentos deste tipo você tem feito recentemente? Tem planos de coletar as informações adquiridas em um livro?

Tenho trabalhado muito com filtros no fretless e com os funk fingers, além de gravar e usar efeitos no Megatar Toneweaver de 12 cordas. Isto tudo estará registrado em músicas. Mas dá pra se ter uma noção de uma pesquisa recente ouvindo um tema chamado Holograma que gravei com um piccolo fretless com afinações alternativas (mudei a afinação no meio da música e retornei à afinação original no final dela), além de muitos efeitos analógicos, tappings, harmônicos e slaps misturados. Algo bem ao estilo Michael Manring. Postei este tema no meu profile do My Space. Convido aqueles que se interessarem para curtir esta gravação. Também estarão à disposição os três temas que gravei usando o Megatar com o Cláudio Kote na guitarra, o Glauton Campello nos synths e o Chocolate na bateria. Estes vão para o site da Megatar. Pretendo sim compilar esteas pesquisas em forma de livro, até já estou fazendo isto, mas isto vai ter que aguardar, porque escrever colunas mensais pra duas revistas (Cover Baixo e Backstage), tocar e gravar com Ithamara Koorax, cuidar da minha carreira solo que envolve vários livros, cd, patrocinadores e outras coisas, além das eventuais produções e projetos de que participo, me toma todo o tempo do mundo!

5 – Você lançou recentemente um livro da coleção Toque de Mestre sobre harmônicos. Como foi realizado este trabalho? Fale um pouco também sobre o livro Manual do Groove, que você está lançando pela editora Irmãos Vitale. Quais são seus próximos projetos na área didática?

Este livro foi escrito ao longo destes anos todos de pesquisa e muito estudo. Já o tinha pronto no início do ano passado quando fui convidado por André Martins para lançá-lo através da coleção Toque de Mestre. Dai foi so uma questão de segurar a ansiedade pela demora porque ele entrou em uma fila de lançamentos da editora. É um apanhado geral de tudo que permeia a arte de extrair harmônicos no contrabaixo elétrico. O Manual do Groove é um livro diferente do que se encontra no mercado, aliás gosto de fustigar e fazer as pessoas pensarem por si próprias ao invés de entregar um livro com fórmulas prontas. Ali eu expresso uma pesquisa que fiz em viagens nestes anos sobre o groove no mundo, além de exemplificar as linhas de contrabaixo, os equipamentos, discografia, etc. Deve estar pronto nas lojas em breve. Tenho muitos outros livros no computador: Slap, Acordes, Tapping, mas me falta tempo para sentar e dar a última revisada antes de decidir qual será o próximo (risos). Seguramente pretendo falar com Arthur Maia para relançarmos o Transcriptions (livro de transcrições de grooves, estudos e solos das gravações de Arthur Maia desenvolvido por Pescara em 1995 e fora de catálogo desde então) atualisado e revisado, pois até hoje aqui no Brasil e mesmo no exterior continuam me perguntando sobre este livro.

6 – Você gravou no novo disco da cantora Ithamara Koorax. Como foi este trabalho? Quais outros projetos você tem participado, além da carreira-solo? Tem outros nos planos para breve?

O Brazilian Butterfly, pra mim, é um dos discos da Ithamara de que eu mais gosto. Alí pude explorar meus grooves mantricos no fretless de 6 cordas e usei ate filtros MuTron II. É maravilhoso quando o produtor e o artista acreditam no potencial do músico que os acompanha e permite fluir sua linguagem pessoal. Alí, tocando com a Ithamara Koorax, me sinto em casa. E estar no mesmo disco que Ron Carter, Alex Malheiros e Manuel Gusmão não é fácil! Eu estou sempre em constante movimento, mas claro que estou ansioso pelo próximo da Ithamara e por alguns projetos que já estao em andamento. Mas ao seu devido tempo eu falarei sobre eles.

7 – Você é sócio do KS estúdio, em jacarepagua no Rio de Janeiro. Pretende se especializar na área de produção, além de baixista?

Sou sócio do Cláudio Kote no estúdio e lá já tivemos muita gente legal ensaiando, gravando ou em pré produções, como Kelly Key, Renato Rocha (ex-Legião Urbana), Cláudio Zoli e alguns cantores do (programa da TV Globo) Fama. É um estúdio pequeno mas aconchegante e com pouco equipamento tiramos uma sonoridade muito interessante, elogiada por muitos. Kote além de ser um ótimo guitarrista pilota perfeitamente o ProTools! Mas respondendo sua pergunta não tenho esta pretenção por agora, porém trabalhar nestes últimos oito anos ao lado do Arnaldo DeSouteiro, um premiadíssimo produtor jazzistico no exterior que produz ou já produziu nomes como Luíz Bonfá, João Gilberto, Dom Um Romão, Thiago de Mello, Ithamara Koorax e Deodato, dentre outros, é um verdadeiro aprendizado a cada dia. Quem sabe... gosto de dividir produção, participar, opinar, mas nao pensei ainda em assumir algo sozinho, não. Aliás, você acaba de me dar uma ótima idéia (risos)!

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