Monday, May 14, 2007

Os Melhores do Jazz em 2000


Os melhores do jazz em 2000
Arnaldo DeSouteiro

(Artigo escrito em 18 de Dezembro de 2000 e originalmente publicado no jornal "Tribuna da Imprensa")

The Best Jazz Artists and The Best Jazz Recordings in 2000 - Arnaldo DeSouteiro (originally published in Brazil's daily newspaper "Tribuna da Imprensa")

Esta é a lista dos que mais se destacaram, em 2000, no panorama jazzístico internacional. Atendendo aos pedidos dos leitores, que desde l979 acompanham esta votação, incluimos – após o nome do primeiro colocado em cada categoria – o título do disco pelo qual o artista foi avaliado, com base apenas em lançamentos realizados no decorrer deste ano.

Piano acústico: 1º Dave Brubeck (“One alone” – Telarc); 2º Richard Beirach; 3º Bill Charlap

Piano elétrico: 1º Frank Chastenier (“Chattin’ with Chet” com Till Bronner – Verve); 2º Torrie Zito; 3º Robert Mitchell

Órgão: 1º Jimmy McGriff (“McGriff’s house party” – Milestone); 2º Dr. Lonnie Smith; 3º Joey DeFrancesco

Sintetizador: 1º Jim Beard (“Advocate” – JVC); 2º Lyle Mays; 3º Krishna “The Factor” Booker

Contrabaixo: 1º Richard Davis (“The bassist” – Paddle Wheel); 2º Ron Carter; 3º Ray Brown

Baixo elétrico: 1º Steve Swallow (“Always pack your uniform on top” – Watt); 2º Marcus Miller; 3º Bob Cranshaw

Bateria: 1º Roy Haynes (“The Roy Haynes Trio” – Impulse); 2º Max Roach; 3º Jack DeJohnette

Percussão: 1º Airto Moreira (“Homeless” – MELT 2000); 2º Adam Rudolph; 3º Marilyn Mazur

Vibrafone: 1º Joe Locke (“Beauty burning” – Sirocco); 2º Dave Samuels; 3º Gary Burton

Diversos: 1º Ralph Jones – clarone/fagote/hichiriki (“Beyond the sky” com Yusef Lateef & Adam Rudolph - YAL); 2º Gloria Agostini – harpa; 3º Erik Friedlander – violoncelo

Violão: 1º Gene Bertoncini (“Body and soul” – Ambient); 2º Larry Coryell; 3º Al DiMeola

Guitarra: 1º Jim Hall (“Grand slam” – Telarc); 2º John McLaughlin; 3º Pat Martino

Violino: 1º Didier Lockwood (“Tribute to Stephane Grappelli” – Dreyfus); 2º Jean-Luc Ponty; 3º Regina Carter

Flauta: 1º Yusef Lateef (“A gift” – YAL); 2º Hubert Laws; 3º James Moody

Clarinete: 1º Don Byron (“A fine line: arias and lieder” – Blue Note); 2º Eddie Daniels; 3º Paquito D’Rivera

Trompete: 1º Till Bronner (“Chattin’ with Chet” – Verve); 2º Lew Soloff; 3º Tom Harrell

Flugelhorn: 1º Dusko Goykovich (“Golden earrings” – Paddle Wheel); 2º Clark Terry; 3º Claudio Roditi

Trombone: 1º Bill Watrous (“Live at the Blue Note” – Half Note); 2º Roswell Rudd; 3º Steve Turre

Saxofone soprano: 1º Steve Lacy (“Monk’s dream” – Verve); 2º Courtney Pine; 3º Fiona Burnett

Saxofone alto: 1º Bobby Watson (“Live at Someday” – Red); 2º Phil Woods; 3º Jim Snidero

Saxofone tenor: 1º Sonny Rollins (“This is what I do” – Milestone); 2º Eric Alexander; 3º Bob Malach

Saxofone barítono: 1º Hamiet Bluiett (“Requiem for Julius” com World Saxophone Quartet” – Justin’ Time); 2º Nick Brignola; 3º Joe Temperley

Cantor: 1º Mark Murphy (“The latin Porter” – GoJazz); 2º Tony Bennett; 3º Al Jarreau

Cantora: 1º Helen Merrill (“Jelena Ana Milcetic aka Helen Merrill” – Verve); 2º Rachelle Ferrell; 3º Dianne Reeves

Grupo vocal: 1º Manhattan Transfer (“The spirit of St. Louis” – Atlantic); 2º New York Voices; 3º Jackie & Roy

Grupo instrumental: 1º Trio Friedrich-Hebert-Moreno (“Voyage out” – Jazz4Ever); 2º Manhattan Jazz Quintet; 3º Copenhagen Art Ensemble

Banda: 1º Chico O’Farrill Afro-Cuban Jazz Big Band (“Carambola” – Milestone); 2º Manhattan Jazz Orchestra; 3º Vienna Art Orchestra

Compositor: 1º Lalo Schifrin (“Esperanto” – Aleph); 2º Carla Bley; 3º Jurgen Friedrich

Arranjador: 1º Lalo Schifrin (“Latin Jazz Suite” – Aleph); 2º David Matthews; 3º Maria Schneider

Engenheiro de som: 1º Rudy Van Gelder (“The world of Hank Crawford” – Milestone); 2º Troy Halderson; 3º Mike Krowiack

Revelação: 1º Allison Miller – bateria (“On the milky way express” com Rachel Z – Tone Center); 2º Miriam Sullivan – contrabaixo; 3º Sara Caswell – violino

Artista do ano: 1º Dave Brubeck; 2º Lalo Schifrin; 3º Till Bronner

Personalidade: Tito Puente, Stanley Turrentine, Al Grey, Teri Thornton, Tex Beneke, Jonah Jones, Charles Earland, Nat Adderley (in memoriam)

Os 10 melhores CDs
(sem ordem de classificação)
Yusef Lateef: “A gift” (YAL)
Trio Friedrich-Hebert-Moreno: “Voyage out” (Jazz4Ever)
Gene Bertoncini: “Body and soul” (Ambient)
Chico O’Farrill: “Carambola” (Milestone)
Till Bronner: “Chattin’ with Chet” (Verve)
Richard Beirach Trio: “What is this thing called love?” (Venus)
Eric Alexander: “The first milestone” (Milestone)
Dave Brubeck: “One alone” (Telarc)
Richard Davis: “The bassist” (Paddle Wheel)
Bill Charlap Trio: “’S wonderful” (Venus)

Os 10 melhores DVDs
(sem ordem de classificação)
Lalo Schifrin: “Latin Jazz suite” (Aleph)
Chick Corea: “Remembering Bud Powell” (Columbia)
Oscar Peterson: “Trio” (VAP)
Miles Davis: “Jazz in Munich” (Toshiba)
Keith Jarrett: “Trio concerts” (VideoArts)
Milt Jackson Quartet: “Vibes surprise” (Toshiba)
Wes Montgomery: “Quartet” (Vintage Jazz)
Bill Evans: “The complete last performance” (VAP)
Thelonius Monk: “American composer” (Columbia)
Art Farmer: “Quartet” (Vintage Jazz)

A cena jazzística em 2000

Mais uma vez foram necessárias várias semanas para a elaboração de todas estas listas, reouvindo discos, checando fichas técnicas e, às vezes, reavaliando opiniões. Tudo para fornecer um fiel retrato do cenário jazzístico em 2000, a partir de bases reais de análise. O que significa, por exemplo, que artistas que não lançaram novos trabalhos este ano, por mais geniais que sejam, tornaram-se automaticamente inelegíveis. Tal critério explica a ausência de feras como Steve Gadd, J.J. Johnson, Wayne Shorter, Joe Henderson, Urbie Green e Don Sebesky, só para citar alguns. Outro exemplo é o caso de Barbara Dennerlein, de total supremacia como organista, porém inelegível por não ter tido nenhum novo trabalho editado depois do sedutor “Outhipped”, de 99. Por isso, a vitória em sua categoria ficou para Jimmy McGriff, de concepção bem mais conservadora, mas que barbarizou no álbum “House party”.
Diversos veteranos brilharam em 2000. A começar por Dave Brubeck, em plena atividade e em grande forma aos 80 anos, a ponto de aventurar-se num impecável álbum-solo, “One alone”. Apenas um ano mais moço, o genial multi-instrumentista Yusef Lateef mostrou manter, através de dois soberbos CDs gravados este ano, “A gift” e “Beyond the sky”, o espírito revolucionário e a incessante busca por novas sonoridades que sempre foram duas de suas marcantes características. Outro eterno jovem de 79 anos, Chico O`Farrill continuou em ritmo de frenética atividade na liderança de sua big-band, registrando “Carambola”. Também esbanjaram vitalidade o batera Roy Haynes (74), o baixista Richard Davis (detonando “The bassist”, melhor disco de sua vida) e o guitarrista Jim Hall, ambos de 70 anos.
O arranjador argentino Lalo Schifrin merece especial destaque. À frente de sua própria gravadora, Aleph Records, editou trabalhos na área clássica, trilhas sonoras, reeditou até uma antiga sessão de bossa nova (“Brazilian Jazz”) e acabou faturando os prêmios de melhor compositor (pelo CD “Esperanto”, ambiciosa obra com participações de Don Byron e Jean-Luc Ponty) e melhor arranjador (por conta do DVD “Latin jazz suite”, ao vivo com a WDR Big Band e solos espetaculares de Jon Faddis).
Aliás, este ano a parada foi duríssima em matéria de bandas e arranjadores, apesar das férias de Don Sebesky, que deu um tempo depois de faturar seguidos prêmios pelos maravilhosos tributos a Bill Evans e Duke Ellington (“Joyful noise”, lançado no Brasil com atraso em 2000, mas já aclamado na votação de 99, ano da edição importada). David Matthews aprontou “Bach 2000” no comando da Manhattan Jazz Orchestra, Maria Schneider gerou “Allegresse” e a Vienna Art Orchestra emocionou com “Duke Ellington`s sound of love”.
Entre as cantoras, outra parada difícil, com Helen Merrill, também de 70 anos recém-completados, levando a melhor sobre Rachelle Ferrell (de volta com o eclético “Individuality”) e Dianne Reeves (no eletrizante “In the moment”, captado ao vivo) graças a ousada concepção da autobiografia sonora “Jelena Ana Milcetic”, um mergulho na sua origem croata, pontuado por intervenções memoráveis do saxofonista Steve Lacy (igualmente cativante no “Monk`s dream” ao lado do trombonista Roswell Rudd) e da harpista Gloria Agostini. Vale destacar ainda os trios liderados pelos pianistas Richard Beirach, Bill Charlap e o jovem prodígio Jurgen Friedrich, arrasador ao lado do baixista John Hebert e do batera Tony Moreno em “Voyage out”, mesma composição que, em 99, batizou o vitorioso disco da Sunday Night Orchestra.
Por fim, a consagração definitiva de outro músico alemão, o trompetista Till Bronner, em arrojada louvação a Chet Baker, “Chattin` with Chet”. Alternando formações acústicas e eletrônicas, usando DJ em algumas faixas, brindou o mundo com recriações formidáveis de “You don`t know what love is”, “Everything happens to me” (esta sobre uma batida de drum & bass), “She was too good to me” e “But not for me”, entre outros hits do ídolo. Alguém acha que este disco (do selo Veve) ou qualquer outro acima citado mereceu a deferência de ser lançado no Brasil?

Foto: Lalo Schifrin

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