O artigo abaixo, sobre Esther Phillips, foi publicado dia 9 de Maio na Tribuna da Imprensa, jornal para o qual tenho a honra de escrever desde junho de 1979. Já são mais de 1.500 artigos! Durante um tempo, minha coluna chegou a ser publicada três vezes por semana. Hoje, residindo oficialmente em LA mas "morando em avião", não tenho mais tempo sobrando. Além disso, ao priorizar a carreira de produtor, precisei ir pouco a pouco abrindo mão dos outros trabalhos em rádio e na mídia impressa (durante dez anos fui colaborador e correspondente brasileiro de revistas como a "Keyboard" - algo de que tratarei em outro post), à medida em que avançavam as atividades da Jazz Station Records (JSR) e da Jazz Station Marketing & Consulting.
Tenho apenas uma (imensa) frustração em relação a Tribuna da Imprensa: nunca conheci pessoalmente o mestre Helio Fernandes, por quem nutro grande admiração. Curiosamente, há anos o bufão mitômano do Catete, que tanto me odeia e inveja, espalha que eu sou "sobrinho de Helio Fernandes".... Portanto, espero um dia ser apresentado ao meu "tio", poder aperta-lhe a mão e trocar dois dedos de prosa.
De qualquer modo, tantas inverdades já não me espantam. Na época em que trabalhei na TV Manchete, supervisionando e apresentando (ao lado de Milena Ciribelli) uma série de especiais focalizando astros do jazz como Dizzy Gillespie, Airto Moreira & Flora Purim, Chuck Mangione, Tony Bennett etc etc (bom assunto para outro post), fui identificado como "sobrinho" de Adolpho Bloch!!! Quando criei e comandei o "Jazz Espetacular", programa de jazz de maior audiência em todos os tempos dentre os que existiram nas FMs do Rio, virei "sobrinho" do Diretor-Geral da Rádio Tupi, de quem nem me lembro o nome. E ao assumir a programação de bordo da Varig, faturando prêmios internacionais durante 13 anos (de 1985 a 1998) pela alta qualidade da seleção musical e dos clips, logo me arrumaram mais um falso "tio" na diretoria da empresa...
Enfim, quem me dera ter tantos "tios" poderosos! Mas, devo confessar, orgulho mesmo eu sentiria em ter Helio Fernandes como tio. Pelo menos gostaria de ter a honra de, um dia, se Deus permitir, conhece-lo pessoalmente.
Se ainda não tive tal privilégio, por outro lado encontrei, na Tribuna da Imprensa, pessoas que eu preferia nunca ter conhecido. Mas foi bom como experiência de vida. O campeão dos canalhas foi um colunista que lá já estava quando ingressei no jornal. O pústula era um daqueles jazzófilos puristas da pior qualidade. Tanto que fui convidado a iniciar uma coluna sobre jazz contemporâneo exatamente para cobrir a lacuna deixada pelo gabola tradicionalista, que tinha horror a "fusion" obviamente. Lembro que meus dois primeiros artigos foram sobre Airto Moreira e Flora Purim. O suficiente para despertar o ódio eterno do verme.
Na minha frente, covarde como todos os difamadores, era educado, um fingimento só. Pelas costas, descia o malho. Diziam que tinha um caso com um funcionário da antiga CBS, mas custei a acreditar. Até que, aproximando-se a época do Festival de Jazz de São Paulo, em 1980, o tal comparsa me procurou em nome da organização do evento, explicando estar encarregado do credenciamento dos jornalistas. Pediu os meus dados e disse que eu não me preocupasse com mais nada.
Tudo mentira, claro. Quando cheguei em São Paulo, tendo comprado a passagem de avião por minha conta, descobri a armação assim que entrei na sala de imprensa montada no Anhembi. Meu nome não constava de lista alguma. Logo o gentleman Roberto Muylaert (organizador do Festival) apareceu e se mostrou supreso com a minha presença: "Poxa, então você resolveu vir! Estranhei você não ter solicitado credencial". E virando-se para o sócio Walter Longo, disse: "Olha o Arnaldo DeSouteiro aqui! Por favor arrume agora uma credencial para ele".
A ironia maior ainda estava por vir. As credenciais destinadas aos repórteres tinham acabado. Para os fotógrafos, havia sobrado uma. E a diferença primordial é que dava acesso aos bastidores, permitindo contato direto com os artistas. Graças a ela bati longos papos com Betty Carter, Mary Lou Williams, Joe Pass, Barney Kessel, Randy Brecker (então integrando a Mingus Dinasty), Woody Shaw, Phil Woods, uma lista enorme.
Moral da história: os meus caros inimigos ficaram babando de raiva e ainda com mais inveja por causa da credencial especial. Mas nem por isso, usando da cara-de-pau que o Diabo lhes deu, tiveram vergonha de, depois da segunda ou terceira noite, virem me pedir para pegar autógrafos para eles. Lembro que o saudoso amigo Aramis Millarch, então cobrindo o evento para o jornal Estado do Paraná, se divertia com o imbroglio. E dizia: "Isso é só o começo, Arnaldo. Esses caras ainda vão aprontar muito contra ti porque representas sangue novo, pensamento novo, e eles se sentem ameaçados pelo seu potencial".
Aramis, que a partir de então passou a me encomendar alguns artigos para o Estado do Paraná, acertou na mosca. Nenhum de nós poderia imaginar, porém, a dimensão da inveja e da maldade. O psicopata acabou sendo demitido da Tribuna da Imprensa. E posteriormente da Rádio Fluminense, onde berrava impropérios ao microfone enquanto levava uma surra de audiência do meu programa "Jazz Espetacular" (na Tupi FM - provavelmente, Assis Chateaubriand também tinha sido meu "tio" em outra encarnação....hehehe)
Voltando à Tribuna: demitido, o entógnato niteroiense passou a me odiar mais ainda. Com sua mente doente, arquitetou uma sórdida vingança. Sabia que eu não ficava na redação, passava no jornal apenas nos domingos à noite para deixar os meus artigos na mesa do editor. Lembro que, naquela época, a Rua do Lavradio à noite, por volta de 22hs, era um deserto. Mas não dava medo, o Rio era outro. Eu estacionava calmamente o carro, me dirigia à entrada do prédio, cumprimentava o vigia e subia as escadas que levavam à redação.
De algum modo o marginal ficou sabendo que este era o meu procedimento. Como tinha tempo de sobra e trabalhava "encostado" em uma repartição não muito longe, o que fazia o safado? Antes de ir para o emprego, passava na Tribuna bem cedinho, todas às segunda, bem antes da redação começar a funcionar. Se dirigia à sala do editor, pegava o meu artigo e, dependendo do nível de loucura naquele dia específico, o triturava, o mutilava na base de riscos ou da tesoura, ou ainda, loucura das loucuras, se dava ao trabalho de rebater o texto, criando erros gramaticais ou mudando frases inteiras para dar a impressão de que eu cometia erros sucessivos.
Geralmente o editor corrigia os "erros" gramaticais. Mas as informações equivocadas adicionadas pelo marginal permaneciam, quando não eram muito gritantes. Afinal, um editor geral não tem a menor obrigação de possuir conhecimentos profundos sobre jazz. Demorei anos até descobrir o que se passava. Até porque, naquele tempo, a "parte cultural" da Tibuna da Imprensa era apenas uma página, a penúltima do único caderno, antes da página de esportes. E ali as colunas eram esprimidas. (a Tribuna só viria a ganhar um caderno de cultura, o BIS, em 1994, sob o comando de Iza Freaza, mas este é outro capítulo a ser contado posteriormente).
Enfim: passei um tempão achando que, quando o artigo saía cortado, havia sido por falta de espaço. Nada disso. Era armação do safado, que continuou agindo daquela maneira por anos a fio, mesmo depois de demitido. Não havia "portaria" na Tribuna, a entrada era uma porta estreita que já dava na escada onde ficava o vigia. Como o elemento era conhecido e cheio de pose, entrava direto, dilacerava o meu artigo e se mandava feliz da vida. Claro que um dia ele foi pego em flagrante. Ameaçaram chamar a polícia. O pilantra saiu correndo, soltando todo o seu repertório de palavrões. E os meus artigos nunca mais sairam "cortados" nem com os "erros" que ele adicionava.
Claro que um marginal desses nunca mais conseguiu emprego em lugar algum. Me disseram que ainda está vivo, com 75 anos mas aparentando 80, mais recalcado, rancoroso e invejoso do que nunca, soltando fumaça pelas ventas. Continua odiando a humanidade e morando em Niterói, onde é visto vagando perto da estação das barcas, falando sozinho e ameaçando mendigos. Um personagem patético que alguns chamam de "lula lelé". Sobrevive da aposentadoria de servidor público, se alimenta do prório ódio. Soube que, de uns meses para cá, quando seu estado de demência se agravou, passou a ganhar esmolas de um fraudador do sistema financeiro que congrega especialistas em difamação num blog muito muito estranho. Dizem que ainda não morreu porque o Diabo não quer concorrência no inferno. Maiores detalhes em breve.
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