Wednesday, January 3, 2018

Instrumental Jazz CD of the Month - "Lilian Carmona: The First"

Instrumental Jazz CD of the Month
Lilian Carmona: "The First!" (Selo Sesc)
Rating: ***** (musical performance & sonic quality)

Produced by Lilian Carmona & Bruno Alves
Executive Producer: Leila Neme
Recorded by Rodrigo de Castro Lopes @ Dissenso Studio (São Paulo, SP, Brazil) in January 2017
Mixed by Rodrigo de Castro Lopes & Bruno Alves @ Dissenso and EBSR Studios
Assistant Engineers: Estevão Lyra & Martin Guderle
Mastered by Homero Lotito @ Reference Mastering Studio
Graphics: Celso Longo & Daniel Trench
Photos: Alexandre Nunis
Liner Notes: Amilson Godoy & Danilo Santos de Miranda

Arranged by Débora Gurgel, Julio Cesar de Figueiredo, Pablo Zumarán and Bruno Alves
Featuring: Lilian Carmona (drums), Bruno Alves (piano, keyboards), Rodrigo de Oliveira (bass), Marcos Pedro (acoustic & electric guitars), Mauricio de Souza (alto sax, flute), Chiquinho de Almeida (tenor sax, flute), Paulo Jordão, Maycon Mesquita & Daniel D'Alcantara (trumpet, flugelhorn), Valdir Ferreira & Jorginho Neto (trombone)

What a beauty! This is the brilliant debut solo album of veteran Brazilian drummer Lilian Carmona (Baden Powell, Michel Legrand, Nara Leão, Gaudencio Thiago de Mello, Silvia Maria, Laurindo Almeida), who leads her flamboyant "small big band" (sometimes an octet, sometimes a tentet) in a program that includes stunning versions of  tightly arranged, highly melodic compositions: "First Circle" (Pat Metheny/Lyle Mays, with the melody played by flugel and flute), "Close To Home" (Lyle Mays), "Barefoot" (with Bruno Alves adding a sabroso latin spice to Eliane Elias' delightful tune, and Carmona phrasing in certain moments as if playing timbales - Elias and Carmona had a band together in their native São Paulo in the 70s), "210 West" (a funky samba by Tania Maria, with lovely piano/flute unison, and Chiquinho de Almeida soloing on tenor), and the title track from U.K.'s acid-jazz act Swing Out Sister's "Somewhere Deep In The Night" album.

There are also impressive originals by Debora Gurgel ("Dá Licença" - imagine a samba played by the Thad Jones/Mel Lewis Orchestra in the 70s), Celinha Carmona ("Bem-Vinda," featuring Daniel D'Alcantara's flugel) and Alberto Rosemblit ("De Bem Com A Vida," featuring Alves' piano and Valdir Ferreira's trombone), plus fiery renditions of Toninho Horta's "Aquelas Coisas Todas" -- originally titled "Sanguessuga" when recorded by the composer in 1975 as a guest on a Tamba Trio album -- and "Não Tem Nada Não."

Including Carmona's only drum solo in the entire session, "Aquelas Coisas Todas" is the mercurial samba masterpiece, full of groove & grace, celebrating the joy of life, with digital electric piano and flute solos by Alves and Almeida, respectively. It transports the listener to another dimension, providing an energy impulse. Carmona's brushwork is the same level of Tamba's master Helcio Milito, and she only changes to sticks for the final part of the song. It's a study (and a lesson) in dynamics and perpetual motion.

"Batuque," credited to João Donato and Eumir Deodato, appeared for the first time on the controversial "Donato/Deodato" project (actually the co-leaders didn't met in the studio!) It was later retitled "Não Tem Nada Não" after Marcos Valle added lyrics and a second part one year later, having recorded it on his "Previsão do Tempo" LP. [The song was also recorded on Donato's "Quem É Quem," but never released.] It's incredible how guitar and reeds "duplicate" the synth effects played by José Roberto Betrami on Valle's recording!

The big band charts are signed by Débora Gurgel, Julio Cesar de Figueiredo, Pablo Zumarán and Bruno Alves (the latter also being the band pianist), showcasing their ability to orchestrate beautiful songs that swing. They have scored the brass and reeds for a balanced punch, sometimes adding synthesized strings, sustaining rhythmic interest throughout the slick and politely funkyfied Brazilian grooves. There's a succession of notable trombone, trumpet and piano solos, all gifted with lyrical fire.

A surplus of talent, style & elegance. Beauty abounds not only in the musical content, as well as in the 32-page booklet artwork and the flawless engineering by Rodrigo de Castro Lopes. And, like I said, it's a damn brilliant effort, full of melodic sensitivity that pleases our soul, put together by a consummately musical drummer.

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"Carta aberta" para Lilian Carmona:
"Heaven/I'm in heaven..." Que disco lindo! Lindo e agradabilíssimo, o que eu acho importantíssimo. Muitos discos excelentes que recebo não são... "agradáveis". Tecnicamente perfeitos, de grande complexidade na parte harmônica, com solos mirabolantes mas às vezes emocionalmente vazios. Discos que músicos fazem para impressionar músicos (e críticos); não é o caso do seu "The First!" felizmente, porque você sabe que não precisa impressionar ninguém. Sua carreira brilhante, seu currículo impecável, falam tudo.

Eu cresci conhecendo (e em alguns casos convivendo) com artistas como Tom Jobim, Luiz Bonfá e João Donato que buscavam o belo. Nosso querido Gaudencio Thiago de Mello também. Por isso fizeram obras tão belas. Davam total importância a qualidade, claro, prezavam pela excelência e pelo esmero, mas se "preocupavam" sim em criar "coisas belas".

Eloir de Moraes, lendário baterista e outro saudoso querido amigo - a quem conheci pessoalmente através do Donato depois de anos curtindo sua "Fibra" gravada pelo Paulo Moura -, falava sempre em "deleite" e usava frequentemente a expressão "agradável ao ouvido". Seu disco é assim. Fruto de uma categoria musical altíssima - tecnicamente impecável em termos de execução não somente sua mas de todos os músicos -, mas também belo, agradabilíssimo, puro deleite. Um bálsamo.

Ouvi duas vezes seguidas, e escrevo sob este impacto. O repertorio já havia me impressionado antes mesmo da primeira audição, mas o nível dos arranjos tornou a seleção ainda mais fascinante. O equilíbrio entre originals e releituras está perfeito. Mais um golaço. Grandes músicos às vezes deixam de fazer bons discos porque se consideram também grandes compositores, e nem sempre o são. Escrevem "temas", não "canções". As músicas que você escolheu são todas, sem exceção, belas melodias com ricas (e belas) harmonias. E ritmicamente "envolventes", contagiantes. Isto, que deveria ser a norma, infelizmente virou exceção, não só no Brasil mas no cena jazzística internacional. Posso dizer isso "de cadeira" porque recebo, em média, 80 discos por mês.

Some additional impressions that brought me recollections and reminiscences:
"210 West" - Tania Maria é uma grande amiga, sou fã nº1 dela. E assisti ao show de lançamento do disco ("Bela Vista") que abre com "210 West". Foi em outubro de 1990, no jardim de inverno do ainda não explodido World Trade Center. Bandaça com Tom Barney, Kim Plainfield, Steve Thornton, Jay Ashby etc. Na véspera eu tinha ido jantar com minha namorada na casa dela, na Bleecker Street (estava lá Eumir Deodato, Elza Soares, Tom Swift etc), e Tania nos convidou para o show.

A levada de "First Circle" é um "achado", como se dizia antigamente. Uma das minhas músicas favoritas do Pat Metheny, a qual você deu uma nova dimensão.

"Barefoot" é um caso à parte. Eliane Elias é um caso à parte (para mim tb! rs). Fiquei surpreso com a inclusão de uma musica dela. Legal essa reaproximação. Thiago uma vez me contou sobre um concerto da big band dele que teria vocês duas tocando, mas que acabou não rolando.

"Close To Home" e "Somewhere Deep In The Night" (eita escolha surpreendente!) também são recriadas de forma espantosa.

Amei "Dá Licença", "Bem-Vinda" e "De Bem com A Vida". Não conhecia essas três. São ótimas, quero ouvir mais vezes.

A "superação" final acontece nas duas ultimas faixas. Quando eu já estava inteiramente "conquistado", com sorrisos no rosto e na alma, fui elevado a um patamar ainda mais impressionante de criatividade em matéria de arranjo com "Não Tem Nada Não" e "Aquelas Coisas Todas". Marcos Valle acertou em cheio quando resolveu adicionar uma segunda parte e também a letra ao tema gravado originalmente no "Donato/Deodato" com o título de "Batuque".

A música do Toninho Horta eu também sempre adorei, desde a primeira gravação (feita pelo Tamba, em 1975, ainda com o nome de "Sanguessuga"). Bruno e Julio Cesar estão de parabéns pelos respectivos arranjos, que acrescentam novas cores e "soluções" sem descaracterizar nem "complicar" as músicas. É o ápice da sua atuação irretocável throughout the album, tanto na condução de vassourinha (me lembrou muito a gravação de Helcio Milito com o Tamba, na qual ele dá um show de brushes) como no solo. Novamente tudo na medida certa. Da sua execução não há muito o que falar, é sempre perfeita. Mas eu talvez seja suspeito porque lhe admiro há quase 40 anos, desde aquele disco ao vivo com o Baden Powell que tinha um solo "nível Edison Machado" do qual nunca esqueci. Desculpe ter me alongado demais nos comentários, mas é que raramente recebo, nos dias de hoje, um disco tão rico. Certamente ouvirei muitas vezes. Muito obrigado por um presente tão maravilhoso. Afetuoso abraço, com minha admiração, Arnaldo

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