October 27, 2008
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MaisCultura
O paulista Marcos Ozzellin não pode reclamar da sorte. Quando trabalhava em uma loja de tecidos, no Rio, conheceu a cantora Ithamara Koorax, que era cliente da loja. Desde então, ganhou uma forte madrinha. Nesta edição, saiba mais sobre o músico.
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"Bem-vinda Música"
Apadrinhado pela cantora Ithamara Koorax, o paulista Marcos Ozzellin desponta como talento na nova safra de músicos brasileiros
Patrícia Bueno
Ele trabalhava em uma conceituada loja de tecidos, no Rio, quando conheceu uma cliente muito especial: ninguém menos que a cantora de jazz Ithamara Koorax. Foi uma emoção muito grande conhecê-la pessoalmente. "Quase desmaiei quando isso aconteceu, pois sempre fui seu fã desde que eu ganhei de presente a trilha da minissérie Riacho Doce, da Globo, onde Ithamara cantava 'Iluminada'", diz Ozzellin, nesta entrevista ao Monitor. Na época ele nunca imaginava que um dia seria afilhado artístico de uma das maiores cantoras do mundo. O músico, que esteve em Campos recentemente acompanhando a madrinha no projeto Choro & Cia., falou sobre o CD que está no forno. Se depender do repertório deste paulista, que atualmente respira ares cariocas, o público não perde por esperar: Tem de Noel Rosa e Ary Barroso a Baden e Vinícius. Enquanto o álbum não sai, segue um bate-papo com o cantor...
Bate-Papo
Monitor - Fale-me um pouco sobre o começo da carreira...
Marcos Ozzellin - Bom,meu interesse por música surgiu na adolescência. Eu adorava ouvir rádio, gostava muito de cantar nas festas de casa, nas festas da escola, sempre tive essa "tendência" artística. Participava muito das peças que fazíamos na escola, sempre querendo cantar. Quando decidi que era iso que realmente queria fazer comecei e estudar,fazer aulas de canto, etc. Fui aluno da cantora Rosa Estevez, da Ná Ozzetti, da Suzana Salles...cantoras do cenário musical paulista. Cantei muito em corais também... houve uma época em que cantava em quatro corais...eu fazia parte do naipe de barítonos...f oi uma boa escola. Cantei também um tempo na noite paulista antes de ir pra Portugal.
Como surgiu a oportunidade de ir para Portugal? Como era seu trabalho por lá? Em 99 decidi ir embora do Brasil, tentar algo na Europa. Acabei indo pra Lisboa pois tinha um amigo que vivia lá e que seria uma referência pra mim. Comecei trabalhando como garçon, barman, e depois comecei a cantar na noite, sempre em lugares voltados para a música brasileira que é muito valorizada pelos portugueses. Cantei não só em Lisboa, mas em Cascais e Estoril também. Uma experiencia muito boa, mas a saudade falou mais alto e acabei voltando.
Você nasceu em Sampa, mas hoje mora no Rio. Que cidade oferece mais oportunidades?
Sim. Nasci em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, morei na capital por dez anos e há oito moro no Rio. Eu escolhi viver no Rio por gostar muito da cidade, pela beleza, pelo astral mas acho que em termos de oportunidade, São Paulo, por ser maior, oferece até mais oportunidades, mas eu tenho tido muita sorte aqui no Rio, tenho feito muitos shows, graças a Deus!
Samba, Bossa e MPB. Estes são os combustíveis de sua carreira, certo? Ainda há espaço para quem escolhe esses gêneros?
Com certeza sim! Nossa música é riquíssima, belíssima... É claro que tem muita gente fazendo as mesmas coisas, mas quando o trabalho é feito com amor e dedicação ele acaba tendo um diferencial.
E a Ithamara? Não é todo mundo que tem uma madrinha dessas...
Quando cheguei ao Rio em 2000, antes de começar a cantar eu tive outros trabalhos, pois não dava pra viver só da música. Eu trabalhava numa casa de tecidos muito boa por sinal e ela era cliente da loja. Foi uma emoção muito grande conhecê-la pessoalmente, quase desmaiei quando isso aconteceu, pois sempre fui seu fã desde que eu ganhei de presente a "fita cassete" da minissérie Riacho Doce da Globo, onde Ithamara cantava "Iluminada". Eu ouvia aquela voz tão linda, tão doce, eu não imaginava que um dia teria essa honra de ser afilhado artístico de uma das maiores cantoras do mundo! No Rio passei a ir a todos os shows dela, mas nunca tive coragem de ir ao camarim. Só revelei minha admiração no tal dia em que ela foi na loja. Desde o ínicio da nossa amizade ela sempre me deu muito apoio mas na verdade eu acho que o que mais chamou atenção na Ithamara em relação ao meu trabalho eu acho que é o amor que eu deposito em tudo que faço... eu canto com a alma,com o coração... agora é uma responsabilidade muito grande ser afilhado dela...uma responsabilidade e uma honra tremenda... Eu agradeço muito a Deus por ter colocado essa mulher maravilhosa na minha vida...ter uma madrinha dessas não é pra qualquer um não (risos)!
Você sempre participa dos shows da Ithamara, como fez em Campos, no Teatro Municipal Trianon?
É, eu sempre participo dos shows dela, quando são realizados com o grupo brasileiro, e obviamente quando cabe uma participação, quando tem a ver com o roteiro. É sempre uma grande felicidade dividir o palco com ela. Em Campos,participei dos três últimos shows dela: dois no SESC e o mais recente no teatro Trianon. Cantei "Linha do horizonte" (no Trianon) e também "Corcovado" (SESC). Já viajamos juntos várias vezes: fomos para um Festival de jazz maravilhoso em Funchal, na Ilha da Madeira em 2007, fomos este ano para Belém (Pará), Ipatinga (Minas Gerais), muitos lugares. São sempre viagens lindas com shows emocionantes. Nesta próxima semana iremos para uma excursão por várias cidades de São Paulo, incluindo shows em Campinas, Santo André e na capital, no Teatro do SESC Vila Mariana. Vou participar cantando em duo com ela uma música de Baden Powell e Vinicius de Moraes chamada "Bocoxê".
Como estão os trabalhos de seu novo CD?
Bem, eu estou muito feliz com o andamento do trabalho, está ficando lindo. Tem a produção musical do Arnaldo Desouteiro, que mora nos EUA e trabalha para a gravadora mais famosa de jazz que é a Verve. Ele é um "mestre", muito respeitado no exterior. Entende tudo de música, tem um bom gosto incrível, é ele quem produz os CDs da Ithamara, trabalha com outros grandes artistas também, inclusive com o João Gilberto e o João Donato, foi produtor do Luiz Bonfá e do Dom Um Romão! O que tenho para dizer é: estou em "boas mãos".
Como é o repertório?
O título eu gostaria de não revelar ainda, fazer um pouquinho de suspense, mas o que posso adiantar é que o repertório é recheado de belos sambas, pérolas da nossa música. Vale a pena falar também sobre a pesquisa de repertório, feita pelo Arnaldo. No repertório tem Noel Rosa, Ary Barroso, Candeia, João Donato, Toninho Horta, Egberto Gismonti, Herivelto Martins, além de Baden e Vinícius, autores de "Bocoxê" que gravei com a Ithamara. Ter a participação dela no meu primeiro trabalho e a produção musical do Arnaldo é um privilégio! Mas não tem composiçoes próprias...
E o ritmo das gravaçoes?
O CD eu estou gravando aos poucos, fico na dependência do Arnaldo DeSouteiro ter uma folga na agenda e poder vir ao Brasil, porque ele passa a maior parte do tempo no exterior, já que mora em Los Angeles. Estou fazendo o CD de forma independente, como todo mundo hoje em dia faz. Estamos gravando há 9 meses e a previsão de lançamento é para o início do ano que vem, se Deus quiser!
Você vive da música atualmente?
Sim, atualmente vivo só da música e sou muito feliz fazendo o que mais amo na vida que é cantar. É claro que não é fácil, mas quando você canaliza toda a sua energia positiva para realizar algo, as coisas com certeza acontecem.
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