Festival de Montreux entra na reta final
Quincy Jones e Chick Corea foram os principais homenageados este ano
A quadragésima segunda edição do Montreux Jazz Festival repetiu, mais uma vez, uma eclética escalação de artistas que extrapolou a fronteira estilística do jazz. Tanto que o show de encerramento, amanhã, dia 19, está a cargo de uma das maiores bandas da história do rock, Deep Purple. E a programação da sala principal, Auditorium Stravinsky, abrigou expoentes de diversos gêneros: de Paul Simon a Joan Baez, passando por Sheryl Crow, Erykah Badu, Lenny Krawitz, David Sanborn e a banda Tower of Power. Além das tradicionais noites de blues (com Gary Moore, Otis Clay, Buddy Guy e John Mayall) e MPB, com Gilberto Gil, Mart’nália e Elba Ramalho atraindo, no dia 12, para a paradisíaca cidade suiça, uma multidão de brasileiros residentes na Europa.
Na mostra paralela, realizada na Miles Davis Hall, o Brasil ganhou duas noites exclusivas. Dia 11, atraindo a curiosidade da imprensa estrangeira, o espetáculo batizado “Paraíba meu amor – fhe forró night” juntou o virtuosismo do bandolinista Hamilton de Holanda a Chico César, Pinto do Acoredon, Flávio José, Aleijadinho do Pombal e Trio Tamanduá. Dia 13 foi a vez de João Bosco esquentar o público para o show de Milton Nascimento com o Trio Jobim, também transformado em festa saudosista. Todas as músicas foram cantadas em coro pela platéia, não raro abafando a voz de Milton.
O grande concerto de gala aconteceu dia 14. Celebrando os 75 anos de Quincy Jones, um elenco de peso subiu ao palco para reverenciar o maestro e produtor: Al Jarreau, Herbie Hancock, Chaka Khan, Patti Austin, Joe Sample, Mick Hucknall (do Simply Red), Nana Mouskouri e até a sumida Petula Clark. Muito emocionado, Quincy comandou a festa liderando seu grupo, que incluía o percussionista carioca Paulinho da Costa, e regendo a Swiss Army Big Band. Os ingressos da noite mais cara do Festival variavam entre 300 e 380 francos suíços. No final, o fundador e ainda hoje diretor do Festival, Claude Nobs, subiu ao palco para entregar um cheque de 50 mil dólares doado a “Quincy Jones Listen Up Foundation”, que atende vítimas de genocídios em países do terceiro mundo.
A gravadora Universal também homenageou o produtor com o lançamento do CD “Summer in the city: the soul jazz grooves of Quincy Jones”, que rapidamente sumiu das prateleiras da lojinha de discos do Festival. Produzida por Arnaldo DeSouteiro – colaborador do Tribuna BIS –, a coletânea é focada na fase mais jazzística de Quincy, que indicou o nome do produtor brasileiro para organizar a antologia. “Selecionei as quatorze gravações mais representativas da carreira dele entre 1969 e 1981, antes do estouro mundial de “Thriller”, que transformou Quincy também no produtor mais bem sucedido na história da música pop”, explicou DeSouteiro em coletiva à imprensa.
Entre as faixas do disco, que rodava sem parar no sistema de som do Festival, sucessos como “Killer Joe”, “Cast your fate to the wind”, “Everything must change”, as trilhas dos filmes “Eyes of love” e “I never told you”, as canções “You’ve got it bad girl” e “Superwoman” do amigo Stevie Wonder, e um grande sucesso da época da disco-music, “Stuff like that”. Vários artistas atuantes no disco estavam em Montreux para o concerto – Herbie Hancock, Chaka Khan, Patti Austin, Greg Phillinganes – e acabaram participando da sessão de autógrafos.
A atração principal da noite de hoje, a penúltima do Festival, é o tecladista Chick Corea, que reorganizou seu célebre grupo Return to Forever. Após o show, a gravadora Verve promove, no Montreux Palace, a festa de lançamento do CD “Electric Chick”, também produzido por Arnaldo DeSouteiro. “Como diz o título, deixei de lado as gravações acústicas, optando por focar nos anos setenta, quando ele se dedicava prioritariamente ao piano elétrico e aos sintetizadores analógicos, exatamente como acontecerá no show desta noite”, explica o produtor. Os fãs poderão se deliciar com músicas extraídas dos discos “The Leprechaun” e “Friends”, premiados com o Grammy, além de faixas com Al Jarreau, Herbie Hancock e Airto Moreira.
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