Monday, December 31, 2007

"Opus Samba" review - "Estado de Minas"

Review about Fabio Fonseca Trio's "Opus Samba" (produced by Arnaldo DeSouteiro), written by music journalist Kiko Ferreira and originally published on the leading daily newspaper of the State of Minas Gerais, in Brazil, "O Estado de Minas", on December 30, 2007
This story is being reproduced in many websites such as "Divirta-se".
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Estado de Minas - 30/12/07
Caderno "EM Cultura", pag. 8

Novo rumo

Fábio Fonseca, conhecido por seu trabalho com artistas do pop nacional, lança disco dedicado a organistas que marcaram a MPB. Ele construiu estúdio só para gravar o CD

by Kiko Ferreira
O time de "Opus Samba": Arnaldo DeSouteiro, Ithamara Koorax, Pedro Leão, Mac William e Fabio Fonseca

Aos 44 minutos do segundo tempo de 2007, chega às lojas um dos melhores discos instrumentais do ano. "Opus Samba", quinto álbum do tecladista, arranjador e compositor carioca Fábio Fonseca, é um trabalho vibrante em todos os sentidos. Sucessor de "Tudo", de 2002, presta tributo a organistas históricos do país, como Walter Wanderley e Ed Lincoln.

Um estúdio foi construído especialmente para gravar "Opus Samba". O álbum é como um show, em que Fábio se reveza entre três teclados – o órgão Hammond comprado de Lincoln, um piano Fender Rhodes e um piano Wurlitzer. E ainda sobra espaço para o sintetizador Arp Odissey. Tudo gravado “ao vivo”, sem truques digitais, em estúdio com pé direito alto, comparável às grandes salas de gravação dos anos 1960. O som do baixo de Pedro Leão e, principalmente, a bateria de Mac Williams ganham registro que rivaliza com a intensidade dos clássicos de Jimmy Smith e outros discos antológicos de jazz.

Lançado simultaneamente no Brasil e no exterior, o álbum já está esgotado no site americano http://www.dustygroove.com/ e e foi incluído na lista dos mais vendidos da loja HMV japonesa. Autor de Manuel, hit da carreira de Ed Motta, Fábio Fonseca tem trajetória de sucesso como acompanhante, produtor e arranjador de uma legião de artistas, que inclui Seu Jorge, Marina Lima, Lulu Santos, Ithamara Koorax e Paralamas do Sucesso.

Nascido no Rio, em 1961, ele começou como estudante de música clássica, mas já era apaixonado por teclados eletrônicos e sintetizadores. Aos 20 anos, entrou para a Banda Vermelha, que tinha na escalação as futuras estrelas Fernanda Abreu e Leo Jaime. Em 1982, participou da banda Brylho (do hit "Noite do Prazer") e, na seqüência, da Cinema a Dois, do hit "Não me iluda". O primeiro disco individual veio em 1988, antes de se juntar à banda de Ed Motta. "Tradução Simultânea", de 1992, trazia Luiz Melodia e João Donato como atrações especiais.

Mudança

Opus samba sai pelo selo JSR, do jazzista e produtor Arnaldo DeSouteiro. “Neste CD, Fábio mergulha de cabeça na cena instrumental, o que representa uma grande e inesperada mudança de rumo na carreira solo dele. Tanto que, pela primeira vez, ele, um dos melhores produtores do país, se deixou produzir. Inclusive partiu dele a proposta para fazermos o disco nesta linha, pelo meu selo, JSR”, conta DeSouteiro.

O produtor revela que Fábio tem excelente estúdio na casa dele, em Itaipava, interior do Rio de Janeiro. Mas, para obter padrão de som com alcance internacional, decidiu construir outro especialmente para o novo disco, buscando atender as exigências sonoras dos chamados audiófilos. “Fábio comprou a idéia e foi além, chamando arquiteto suíço para construir uma casa, de forma a obter o espaço físico de que precisávamos para gravar o disco ‘ao vivo’ em estúdio”, revela. “Deve ter sido a primeira vez no mundo que alguém construiu uma casa apenas para gravar um disco! Aliás, ela já está à venda.”

Gravado em três dias, em 24 canais, o álbum abre com o dançante "Samba de Nânh 2", eletrizante seqüência do samba de mesmo nome incluído no internacionalmente aclamado "Rhythm Traveller", do percussionista Dom Um Romão. Na seqüência, vem a suingada versão de "Too High", de Stevie Wonder, com solo de piano em homenagem ao de Herbie Hancock na versão de Joe Farrell para a CTI.

Releituras

O disco inclui três releituras do álbum "Tradução Simultânea": a faixa-título, misto de samba e baião que evoca a sonoridade do piano elétrico de Tom Jobim; a climática canção "Dormideira", aqui com percussão extra a cargo do produtor DeSouteiro e da cantora Ithamara Koorax; e "Vida Vira Vida", parceria com Mathilda Kovac, samba com alma de jazz do Beco das Garrafas.

Fonseca mostra sua capacidade de atrevimento ao atualizar o clássico "Cochise", maior sucesso da carreira de Ed Lincoln, que, por sua vez, se inspirou na versão de Tito Puente para o tema de Ray Santos. Ele brinca com a música como se estivesse numa jam session de fim de noite. Composto para o álbum "A trip to Brazil vol. 5: Copa do Mundo 2006", o "Samba da Copa" evoca jogadas de craque. "Cantagalo" é a faixa preferida de Fábio, que procurou se inspirar na visão musical de Ennio Morricone sobre a bossa nova. "A Mulher de 15 Metros" é outra parceria com Matilda Kovac, dividida com a voz de Ithamara Koorax.

Encerram o menu três tributos: "Missing Dom Um", para o percussionista Dom Um Romão; "Mr. Bertrami", para o tecladista do Azymuth, José Roberto Bertrami; e "Pro Renê", dedicado ao professor Renê Terra, que ele próprio admite ter subestimado e que festeja em seu melhor disco.
Opus samba atualiza sonoridades clássicas sem falsos truques e com consistência. Marca a surpreendente guinada na carreira de um músico talentoso que, até recentemente, parecia restrito ao pop.
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