Sunday, May 13, 2007

Os Melhores do Jazz em 2001


Os Melhores do Jazz em 2001
Arnaldo DeSouteiro


The Best Jazz Artists and Albums in 2001

Artigo originalmente publicado no jornal Tribuna da Imprensa
Originally printed in Brazil's daily newspaper Tribuna da Imprensa

Esta é a lista dos que mais se destacaram, em 2001, no panorama jazzístico internacional. Atendendo aos pedidos dos leitores, que desde 1979 acompanham essa votação, incluímos – após o nome do primeiro colocado em cada categoria – o título do disco pelo qual o artista foi avaliado, com base apenas em lançamentos realizados no decorrer deste ano.

Piano acústico: 1º Keith Jarrett (“Inside out” – ECM); 2º Jurgen Friedrich; 3º Gonzalo Rubalcaba; 4º Fred Hersch; 5º Roland Hanna
Piano elétrico: 1º Luca Savazzi (“Voyage to Brazilia / Bossa Nostra” – Irma); 2º Leroy Taylor; 3º Bernard Wright; 4° Jacky Terrasson; 5º Ricardo Roncagli
Órgão: 1º Jack McDuff (“Brotherly love” – Concord); 2º Jimmy McGriff; 3º Jimmy Smith; 4º Kankawa; 5º Melvin Rhyne
Teclados: 1º Herbie Hancock (“Future 2 future” – Transparent/JVC); 2º Andrea Raffini; 3º Jim Beard; 4º Francesco Gazzara; 5º Lyle Mays
Contrabaixo: 1º Richard Davis (“Hommage to diversity” – Seven Seas/Palmetto); 2º Ron Carter; 3º George Mraz; 4º Brian Bromberg; 5º Eddie Gomez
Baixo elétrico: 1º Marcus Miller (“M2” – Telarc); 2º Steve Swallow; 3º Anthony Jackson; 4º Will Lee; 5º Bob Cranshaw
Bateria: 1º Roy Haynes (“Birds of a feather” – Dreyfus); 2º Jack DeJohnette; 3º Brice Wassy; 4º Elvin Jones; 5º Max Roach
Percussão: 1º Marilyn Mazur (“Poetic justice” – Dacapo); 2º Airto Moreira; 3º Adam Rudolph; 4º Trilok Gurtu; 5º Sheila E.
Vibrafone: 1º Joe Locke (“Storytelling” – Sirocco); 2º Gary Burton; 3º Steve Nelson; 4º Dave Pike; 5º Stefon Harris
Violão: 1º Gene Bertoncini (“Just the two of us” – Chiaroscuro); 2º Larry Coryell; 3º John McLaughlin; 4º Jay Berliner; 5º Al DiMeola
Guitarra: 1º Jack Wilkins (“Reunion” – Chiaroscuro); 2º Jim Hall; 3º John Scofield; 4º Pat Martino; 5º Pat Metheny
Violino: 1º Jean-Luc Ponty (“Life enigma” – JLP); 2º Regina Carter; 3º Svend Asmussen; 4º Didier Lockwood; 5º Mark Feldman
Flauta: 1º Yusef Lateef (“Live at Luckman Theater” – YAL); 2º Hubert Laws; 3º Jeremy Steig; 4º James Newton; 5º Frank Wess
Clarinete: 1º Don Byron (“You are # 6” – Blue Note); 2º Eddie Daniels; 3º Buddy DeFranco; 4º Alvin Batiste; 5º Jimmy Giuffre
Trompete: 1º Till Bronner (“Jazz seen” – Verve); 2º Lew Soloff; 3º Randy Brecker; 4º Arturo Sandoval; 5º Wallace Roney
Flugelhorn: 1º Clark Terry (“Herr ober” – NH); 2º Kenny Wheeler; 3º Tom Harrell; 4º Dusko Goykovich; 5º Franco Ambrosetti
Trombone: 1º Jim Pugh (“Take five / Super trombone” – Video Arts); 2º Steve Turre; 3º Ray Anderson; 4º Massimo Zanotti; 5º Curtis Fuller
Sax soprano: 1º Paul Winter (“Journey with the sun” – Living Music); 2º Courtney Pine; 3º Steve Lacy; 4º Wayne Shorter; 5º Jane Ira Bloom
Sax alto: 1º Phil Woods (“Voyage” – Chiaroscuro); 2º Kenny Garrett; 3º Charlie Mariano; 4º Bobby Watson; 5º Jackie McLean
Sax tenor: 1º Harold Land (“Promised land” – Audiophonic); 2º Michael Brecker; 3º Sonny Rollins; 4º Eric Alexander; 5º George Young
Sax barítono: 1º Cecil Payne (“Chic boom” – Delmark); 2º Ronnie Cuber; 3º Joe Temperley; 4º Nick Brignola; 5º James Carter
Cantor: 1º Mark Murphy (“Links” – High Note); 2º Tony Bennett; 3º Andy Bey; 4º Jon Hendricks; 5º Al Jarreau
Cantora: 1º Shirley Horn (“You’re my thrill” – Verve); 2º Diana Krall; 3º Helen Merrill; 4º Dianne Reeves; 5º Zuzana Lapciková
Grupo vocal: 1º New York Voices (“Sing, sing, sing” – Concord); 2º Faith Howard & Visions; 3º Manhattan Transfer; 4º Jackie & Roy; 5º Take 6
Grupo instrumental: 1º Trio Friedrich-Hebert-Moreno (“Surfacing” – Naxos); 2º Keith Jarrett Trio; 3º Manhattan Jazz Quintet; 4º Paul Winter & The Earth Band; 5º Mardi Gras BB
Banda: 1º Manhattan Jazz Orchestra (“Bach 2000” – Milestone); 2º The New York State of the Art Jazz Ensemble; 3º Mingus Big Band; 4º Maria Schneider; 5º Bob Mintzer
Compositor: 1º Dave Brubeck (“The crossing” – Telarc); 2º Mike Longo; 3º Randy Weston; 4º Mal Waldron; 5º Carla Bley
Arranjador: 1º Lalo Schifrin (“Intersections / Jazz meets the symphony # 5” – Aleph); 2º Claus Ogerman; 3º Johnny Mandel; 4º David Matthews; 5º Don Sebesky
Engenheiro de som: 1º Rudy Van Gelder (“The second milestone / Eric Alexander” – Milestone); 2º Al Schmitt; 3º John Post; 4º Hrólfur Vagnsson; 5º Chaz Clifton;
Revelação: 1º Bodil Niska – sax tenor (“First song” – Hot club); 2º Akiko – cantora; 3º Helge Lien - piano; 4º Jacob Cristoffersen – piano elétrico; 5º Darryll Pellegrini - bateria
Artista do ano: 1º Lalo Schifrin; 2º Dave Brubeck; 3º Keith Jarrett; 4º Marcus Miller; 5º Diana Krall
Personalidades: Norman Granz, J.J. Johnson, Joe Henderson, Chico O’Farrill, Billy Higgins, Flip Phillips, Tommy Flanagan, John Collins, Etta Jones, Charles Ables, Jack McDuff, Harold Land (in memoriam)

Os 10 melhores CDs
(sem ordem de classificação)
Mike Longo with the New York State of the Art Jazz Ensemble: “Aftermath” (CAP)
Jack Wilkins: “Reunion” (Chiaroscuro)
Yusef Lateef & Eternal Wind: “Live at Luckman Theater” (YAL)
Trio Friedrich-Hebert-Moreno: “Surfacing” (Naxos)
George Mraz: “Morava” (Milestone)
Diana Krall: “The look of love” (Verve)
Larry Coryell: “Moonlight whispers” (TIM)
Paul Winter & The Earth Band: “Journey with the sun” (Living Music)
Lalo Schifrin: “Intersections / Jazz meets the symphony # 5” (Aleph)
Manhattan Jazz Orchestra: “Bach 2000” (Milestone)


Os 10 melhores DVDs
(sem ordem de classificação)
Gonzalo Rubalcaba: “Piano explosion” (EMI)
Pat Metheny: “Imaginary day” (Pioneer)
Marcus Miller: “In concert” (MVD)
Sun Ra: “A joyful noise” (Winstar)
Charlie Byrd: “Live in New Orleans” (Image)
Stan Getz: “His last recording, vol, 1” (EMI)
George Benson: “Absolutely live” (Pioneer)
Dizzy Gillespie: “Live at Royal Festival Hall” (Pioneer)
Gato Barbieri: “Live from the Latin Quarter” (Image)
Vários: “Monterey Jazz Festival / 40 legendary years” (Warner)

A cena jazzística em 2001

Para variar, foram necessárias várias semanas para a preparação de todas estas listas, reouvindo discos, revendo DVDs, checando fichas técnicas e, às vezes, reavaliando opiniões. Tudo com o objetivo de fornecer o mais fiel possível retrato do cenário jazzístico em 2001, a partir de bases reais de análise. O que significa, por exemplo, que artistas que não lançaram novos trabalhos este ano tornaram-se, por mais geniais que sejam, automaticamente inelegíveis. Tal critério explica a ausência de feras como Steve Gadd, Joe Zawinul, Barbara Dennerlein, Urbie Green, Bill Watrous, Rachelle Ferrell e Horace Silver, entre muitos outros.

Vale comentar também algumas colocações aparentemente contraditórias. A talentosa louraça Diana Krall emplacou o sofisticado “The look of love” entre os dez melhores CDs. Mas, em matéria de performance vocal, não superou a veterana Shirley Horn, ainda a rainha das baladas jazzísticas. Entretanto, o disco no qual Shirley esbanja talento, não alcançou a lista dos melhores CDs, vitimado por falhas de produção, a despeito das suntuosas orquestrações. Mais casos similares? Bem, Keith Jarrett, recuperado da síndrome de fadiga crônica, reinventou-se como pianista no quase totalmente improvisado “Inside out” - instigante mas não exatamente brilhante (e muito menos inovador em termos de concepção) como “álbum”. Já o segundo colocado na categoria “piano acústico”, o jovem alemão Jurgen Friedrich, aprontou outro discaço com seu trio complementado por John Hebert e Tony Moreno, eleito “melhor grupo instrumental”.

Mais uma vez, o maestro argentino Boris “Lalo” Schifrin mereceu o título de artista do ano. Em frenética atividade, além de dirigir sua própria gravadora, a Aleph Records, reeditou discos antigos, trilhas sonoras e chegou ao quinto volume da série “Jazz meets the symphony”, desta vez comandando a orquestra alemã da WDR no excepcional CD “Intersections”. Conseguiu, assim, vencer a parada duríssima entre os arranjadores, superando mestres da mesma alta estirpe como Claus Ogerman (quebrando, através da colaboração com Diana Krall, um confinamento de quase duas décadas na área clássica) e Johnny Mandel (impecável nos arranjos para “You’re my thrill” de Shirley Horn, embora sem superar a obra-prima “Here’s to life” de 92).

Outras categorias de disputa acirrada foram vencidas pelo vibrafonista Joe Locke (apesar do excelente tributo de Gary Burton a seus ídolos Lionel Hampton, Red Norvo, Milt Jackson e Cal Tjader em “For Hamp, Red, Bags and Cal”), pelo guitarrista Jack Wilkins (arrasador não apenas liderando Jack DeJohnette, Eddie Gomez, Randy & Michael Brecker em “Reunion”, mas também no duo com outro vitorioso, o violonista Gene Bertoncini, no irretocável “Just the two of us”) e pelo camaleônico Herbie Hancock, de volta aos teclados eletrônicos (em “Future 2 future”) depois de alguns anos restrito ao contexto acústico. O tenorista Harold Land - cuja última vinda ao Brasil aconteceu em 1980 com Tony Bennett - e o organista Jack McDuff, em cujo grupo George Benson despontou, partiram deixando memoráveis derradeiras sessões.

A vitória do contrabaixista Richard Davis (dando uma aula de uso de arco em “Hommage to diversity”) sobre os igualmente virtuoses Ron Carter (no elegante, porém previsível, “Stardust”), George Mraz (mergulhando em suas raízes tchecas e recriando temas folk da região da Morávia, daí o título “Morava” para seu emocionante CD), Brian Bromberg (no altamente recomendável “Wood”) e Eddie Gomez (impecável nos discos de Jack Wilkins e Carlos Barbosa-Lima, além de seu próprio “What’s new at F”) deu-se por milésimos de diferença. Isso sem falar de diversos outros baixistas que nos legaram ótimos trabalhos em 2001: Charlie Haden, Ray Brown, Buster Williams e Alex Blake, este último inclusive barbarizando no Free Jazz ao lado de Randy Weston. Alguém advinha quantos desses discos mereceram a honra de serem lançados no Brasil...?

Lgendas:
“Gene Bertoncini e Jack Wilkins: cordas vitoriosas”
“Diana Krall, cada vez mais sedutora”
“Moreno, Friedrich e Hebert: trio infalível
“Rubalcaba captado ao vivo em DVD”

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